O Natal voltou a ser usado pelo Estado Islâmico como cenário de ameaça aos cristãos mundo afora. Após ter sido expulso do Iraque e da Síria por forças de coalizão internacionais, lideradas por Estados Unidos e Rússia, em frentes distintas, os extremistas muçulmanos agora querem espalhar o terror na data simbólica para a cristandade.
Na última quinta-feira, 16 de novembro, circulou um cartaz do Estado Islâmico com a ameaça de um “Natal sangrento”. Os terroristas usaram uma imagem simbólica: um homem ao volante em uma das ruas que dão acesso à Basílica de São Pedro, no Vaticano. A ameaça traz ainda um aviso: “Aguardem”.
Em frente à Basílica – que é reconhecida mundialmente como um dos principais templos do catolicismo – fica a Praça de São Pedro, local que recebe milhares de fiéis a cada missa realizada pelo papa Francisco, semanalmente, e também durante a celebração do Natal.
Recorrência
Os extremistas muçulmanos militantes do Estado Islâmico já ameaçaram os cristãos com atentados em outro Natal. Em 02 de dezembro de 2015, os terroristas perpetraram um atentado em San Bernardino, nos Estados Unidos, deixando 14 mortos e outros 21 feridos.
No ano passado, os terroristas usaram um caminhão para atacar Berlim, capital da Alemanha, deixando 12 pessoas mortas e 26 feridas.
De acordo com informações do portal The Blaze, agências de segurança internacionais acreditam que daqui em diante, sem o território de Síria e Iraque, chamado de califado, o Estado Islâmico irá intensificar os ataques do tipo “lobo solitário”, o que dificulta a prevenção por parte das autoridades.
Antes do novo cartaz, o Estado Islâmico havia divulgado um vídeo, em 14 de agosto, afirmando que fariam um ataque a Roma, cidade que abriga o Estado do Vaticano e considerada um dos símbolos do cristianismo nos últimos séculos.
“Lembrem-se disso, infiéis, nós vamos estar em Roma, se Alá quiser”, diz um dos jihadistas, que se apresenta como Abu Jindal, antes de atear fogo a uma igreja da cidade de Marawi, região de população predominantemente muçulmana nas Filipinas. “Depois de todos os esforços, a religião dos cruzados é que será destruída”, acrescenta o narrador do vídeo, referindo-se aos cristãos.
Ameaça reiterada
Essa promessa de ataque ao Vaticano e ao papa veio à tona no mesmo dia em que o aplicativo de troca de mensagens Telegram foi usado por extremistas simpatizantes do Estado Islâmico para pedir aos muçulmanos da Europa que realizem atentados na Itália. O país entrou na mira dos terroristas de forma mais intensa devido a participação das forças armadas italianas na coalizão liderada pelos Estados Unidos que combate no Iraque e Síria.
Em novembro de 2015, após o ataque realizado em Paris que tirou a vida de 130 pessoas, os terroristas usaram a revista Dabiq para dizer que já planejava um atentado no Vaticano, com a decapitação do papa em praça pública e transmissão ao vivo para todo o mundo.
Como forma de reforçar a guerra psicológica, os terroristas lançaram, em dezembro do mesmo ano, um vídeo em que diziam que Roma seria o último campo de batalha “antes do dia do juízo”.
Essa ameaça já fazia parte dos planos dos terroristas antes de ser tornada pública. O escritor Robert Spencer, um pesquisador e estudioso do islamismo, apresentou em seu livro Infidel’s Guide to ISIS (“Guia do infiel para entender o Estado Islâmico”, em tradução livre), os detalhes os planos dos extremistas.
Spencer revelou na publicação que o grupo pretende decapitar o papa e dar início ao Armagedom até 2025. Esse plano foi construído a pretexto de se fazer cumprir profecias de Maomé e promover a “batalha final” entre os muçulmanos e os “infiéis” judeus e cristãos.