Analistas políticos têm comentado sobre as estratégias de recrutamento do grupo extremista Estado Islâmico, e ressaltam o constante uso de profecias do apocalipse nos materiais de comunicação do grupo. Segundo artigo publicado no Washington Times, os líderes do grupo na Síria e no Iraque são apaixonados por profecias apocalípticas muçulmanas prenunciando uma batalha final entre o bem e do mal.
Analistas dizem que o grupo extremista sunita é consumido por essas fantasias de forma Osama bin Laden e a al Qaeda nunca foram. Eles afirmam que a propaganda do Estado Islâmico é tão saturada com essas profecias que as autoridades de inteligência estão trabalhando para determinar o quanto a estratégia de atuação está sendo moldada por previsões obscuras.
Em páginas do Estado Islâmico em mídias sociais uma das coisas que chamou a atenção dos analistas foram fotos que descreve um chamado “ciclope bebê” para a sua fixação em uma cidade síria, onde as profecias dizem que a batalha final ocorrerá. Os estudiosos dizem que o líder do grupo, Abu Bakr al-Baghdadi, está usando a mitologia para convencer seus seguidores de que o apocalipse já começou.
– Desde a sua criação, os líderes do Estado Islâmico foram obcecados com profecias islâmicas do ‘Fim dos Tempos – disse William McCants, do Brookings Institution’s Center for Middle East Policy.
McCants, que atualmente está escrevendo um livro sobre a obsessão do grupo com tais profecias, afirma ainda que o “DNA ideológico e organizativo do grupo é simplesmente diferente da al Qaeda na forma como ela aborda tais profecias”.
O estudioso explica que as previsões apocalípticas não vêm do Corão, mas sim de um corpo de literatura conhecido como o Hadith, uma compilação de ditos atribuídos ao profeta Maomé por seus seguidores, mais de cem anos após sua morte.
De acordo com o francês Jean-Pierre Filiu, um estudioso em previsões apocalípticas do Islã, uma questão mais profunda pode girar em torno de como os líderes do Estado Islâmico usam as profecias a recrutamento e propaganda.
– É óbvio que o momento apocalíptico é a chave para atrair voluntários prontos para lutar “A Última Batalha” – afirma Filiu.
Ele afirma ainda que o Estado Islâmico perpetua uma ideia de que a adesão à atual guerra no Síria e no Iraque será “muito mais importante e gratificante do que todas as outras lutas travadas durante a história islâmica”.