A disputa pela presidência da Câmara dos Deputados começa ganhar seus primeiros contornos mais fortes de disputa, com a suposta preferência do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) por João Campos (PRB-GO).
O atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é candidato à reeleição, e tem reunido apoio de colegas do chamado “Centrão”. No entanto, a candidatura de João Campos ganha força, já que houve renovação de quase metade dos parlamentares.
Bolsonaro teria preferência por Campos pois o colega, além de ser pastor, é formado em Direito e foi delegado antes de ser eleito. Dessa forma, integra a bancada evangélica (da qual já foi presidente) e a chamada “bancada da bala”, que articula projetos visando a segurança pública e a revogação do Estatuto do Desarmamento.
“João Campos (PRB-GO) ganhou força na disputa pela presidência da Câmara. Aliados de Rodrigo Maia (DEM-RJ) dizem que ele é o nome do presidente eleito, por ser delegado e pastor –integrante, portanto, das frentes evangélica e da segurança, base do governo Bolsonaro”, informou o jornalista Ricardo Balthazar, do Painel da Folha de S. Paulo.
Anteriormente, em entrevista à Record TV, Bolsonaro já havia indicado que o colega goiano entraria na disputa, dizendo que ele “é um que se lançou a candidato” à presidência da Casa, mas ponderou que “um presidente não pode entrar nessa briga”.
Na atual legislatura, a formação de Campos foi relevante no exercício da relatoria do projeto do novo Código de Processo Penal (CPP), que dentre outras novidades, institui de forma definitiva a prisão após condenação em segunda instância – medida adotada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como jurisprudência, mas não existente nas leis vigentes.
A predileção de Bolsonaro por Campos é uma amostra de que o presidente eleito da República quer articular ao máximo para garantir que suas principais bandeiras de campanha recebam tratamento prioritário e tramitem sem empecilhos na Câmara.
Mesmo com essa preferência, Bolsonaro não deve repetir a ingerência de Dilma Rousseff (PT), que no começo do mandato anterior tentou impor à Câmara a eleição de um deputado petista, fato que foi rejeitado por Eduardo Cunha (MDB) e aumentou as tensões entre os dois políticos. O desgaste da relação culminou com a abertura do processo de impeachment da ex-mandatária, ancorado em um amplo parecer indicando crime de responsabilidade fiscal.