Um grupo armado separatista de Camarões sequestrou 79 adolescentes, entre 11 e 17 anos, de uma escola mantida pela Igreja Presbiteriana no país, junto com outros três funcionários, incluindo o diretor da unidade. A investida é parte das ações de militantes que visam desestabilizar o governo e criar um estado separatista.
“Esses terríveis sequestros mostram como a população em geral está pagando o preço mais alto à medida que a violência aumenta na região anglófona. O rapto de crianças em idade escolar e professores nunca pode ser justificado”, declarou Samira Daoud, vice-diretora regional da Amnesty International para a África Ocidental e Central.
Segundo informações da agência internacional Associated Press, a Anistia Internacional já emitiu um comunicado, pressionando para “que as autoridades de Camarões façam tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que todos os alunos e funcionários da escola sejam libertados ilesos”.
Recentemente outro atentado ceifou a vida do missionário batista americano, Charles Wesco. Ele, esposa e oito filhos foram enviados para Camarões, mas durante um deslocamento o veículo em que estava a família foi alvejado em uma emboscada e o missionário baleado na cabeça.
O conflito em Camarões se mistura com disputas políticas e perseguição religiosa, tornando o ambiente no país muito arriscado. Desde o ano passado várias pessoas já foram mortas, inclusive professores, por terem se recusado a deixar de trabalhar. Os separatistas tentam impor algumas regras visando parar o país, e quem descumpre é perseguido e punido.
Após o sequestro, um vídeo foi divulgado nas redes sociais pelo grupo denominado “Amba Boys”, com os 79 estudantes. Na gravação os adolescentes aparecem sendo obrigados a dizer seus nomes e o dos pais. “Só libertaremos você depois da luta. Você vai para a escola agora aqui”, disseram os terroristas.
O nome do grupo é uma referência ao estado de Ambazonia, o qual os separatistas querem tornar independente nas regiões anglófonas, no Noroeste de Camarões.
“É lamentável que isso esteja acontecendo, que 79 de nossos filhos e três de seus funcionários possam ser apanhados por terroristas”, declarou o governador da Região Noroeste, Deben Tchoffo.
“Pedimos aos nossos militares para fazer tudo e trazer de volta as crianças vivas”, disse ele.