O ambiente universitário brasileiro tem sido alvo de críticas por parte da ala conservadora do país. Em grande parte, devido ao chamado “aparelhamento ideológico”, notadamente de viés progressista, algo que nem mesmo os redutos evangélicos estariam conseguindo ficar imunes.
Essa é a opinião do professor de Religião e Filosofia na Roanoke College, em Salém, no estado americano da Virgínia, Gerald McDermott. Além de lecionar, ele também é o pastor da Igreja Luterana St. Louis e autor do livro “A importância de Israel”.
Publicando para o Teologia Brasileira, o Dr. Gerald faz uma análise de como até mesmo as universidades nominalmente evangélicas estão sofrendo com a influência da “agenda woke” na atualidade. Essa é uma expressão que faz referência ao conjunto de pautas ideológicas liberais/progressistas, como aborto, feminismo, identitarismo, ideologia de gênero e etc.
“Em uma universidade evangélica, a abordagem para todos os problemas — incluindo raça — deveria ser pautada no evangelho”, diz o autor, citando como exemplo a diretora de diversidade do Wheaton College, Sheila Caldwell, que durante um discurso afirmou estar “aprisionada por um sistema de castas racializado… e esperava-se que fosse respeitosa com o patriarcado”.
“A mensagem de Caldwell não era a beleza da salvação pelo Deus trinitário, mas a necessidade das pessoas de cor exercerem poder em uma sociedade racista”, criticou o Dr. Gerald.
Em outro exemplo, dessa vez citando a Universidade Baylor, ele disse que o presidente da instituição “recomendou um recurso sobre raça que encoraja leitores a avaliar seus pensamentos e sentimentos usando as ‘características da cultura de supremacia branca’ de Tema Okun — características que inclui individualismo, objetivismo, pensamento linear e lógica.”
Olhar mundano
Para o Dr. Gerald McDermott, as universidades evangélicas que dão margem para um olhar mundano sobre os problemas do mundo, no sentido de creditar os dilemas humanos apenas à natureza da sociedade, estão deixando de interpretar a realidade a partir da cosmovisão cristã.
“Por que universidades evangélicas estão adotando estratégias seculares para resolver um problema espiritual?”, questiona o professor. Ele conclui fazendo outras perguntas aos evangélicos, mas de caráter implicitamente conclusivo:
“Como um professor colocou, administradores são ‘avessos ao risco’ e esperam que isso possa salvá-los de serem chamados de racistas. Mas, e se a solução antirracista deles ao racismo for racista? E se, em suas tentativas de evitar o criticismo, universidades evangélicas abraçarem um evangelho secular que não tem nada a ver com a verdadeira diversidade do reino?”.