Uma iniciativa de grupos evangélicos dedicados a ações sociais pretende lançar um projeto que reúna informações sobre locais atendidos por igrejas que se dedicam a ajudar o próximo em assuntos ligados a Direitos Humanos e cidadania.
A ideia de criar um projeto que sirva de divulgador das ações tem como objetivo desfazer a impressão de que todos os evangélicos são conservadores ou fundamentalistas, como acusam muitos ativistas gays.
“A postura conservadora não é algo uniforme, mas tem vencido o discurso de quem tem recursos para vociferar melhor, o que acaba passando uma impressão errada sobre os evangélicos”, comentou o pastor batista e sociólogo Clemir Fernandes.
O projeto, que será uma plataforma virtual, deverá se chamar “Entre Nós”, e vai mapear as atividades de igrejas que encontrem alguma identificação com a ideologia do grupo.
“A ideia é fazer uma espécie de contra projeto à identidade evangélica que vem sendo desenhada. Movimentos sociais e até políticos têm nos cobrado essa reação. Nós acreditamos que a defesa de pautas conservadoras é ideológica e, não, bíblica”, pontuou Fellipe dos Anjos, também pastor batista.
O estudante de teologia pela PUC-Rio, Ronilso Pacheco, afirmou à reportagem do jornal O Globo que a iniciativa surgiu da necessidade de mostrar que existem outros pontos de vista no meio evangélico: “Nossa intensão é provocar a sociedade e a imprensa em relação a essas iniciativas progressistas. Os evangélicos sempre fizeram isso, mas precisamos tornar essas ações conhecidas”.
Outro pastor batista, André Decotelli, classifica a iniciativa como uma “disputa de discurso”, mostrando uma posição oposta à da bancada evangélica no Congresso Nacional: “Sou totalmente contra as pautas que eles defendem como evangélicas. Esses deputados e senadores não reproduzem o nosso espectro. Representam classes mais conservadoras e poderosas. Porém, Jesus foi um revolucionário e deu voz aos oprimidos. Buscamos um retorno a isso”, contextualizou.
O pastor César Moisés, da Assembleia de Deus, demonstrou simpatia à ideia de existir um debate sobre essas questões: “Não me rotulo nem como conservador nem como progressista […] Numa sociedade plural, temos de conviver e respeitar. Aprendi que, para dialogar, não é preciso converter”, opinou.