Já é bastante conhecido o ditado popular no país que diz: “brasileiro tem memória curta”. De fato, parece que não apenas a memória, mas também a determinação de fazer valer a defesa de alguns princípios, como a proteção da criança e do adolescente contra a exposição de imagens de pedofilia e zoofilia consideradas obras de “arte”.
Inaugurada em 14 de agosto de 2017 em Porto Alegre, e logo em seguida barrada pela justiça por conta da quantidade de protestos contra a sua exibição para menores, a exposição Queermuseu está de volta, dessa vez no Rio de Janeiro, onde crianças agora também podem visitar.
“O objetivo é exatamente mostrar que não há essa questão que foi colocada, de uma exposição de arte que incentiva a pedofilia, a zoofilia ou de ter feito vilipêndio religioso”, disse o diretor da Escola de Artes Visuais, Fabio Szwarcwald, defendendo a exposição.
Ele mesmo disse ter levado os filhos para ver a exposição, onde uma das pinturas (capa) se observa a imagem de duas crianças com as frases “criança viada deusa das águas” e “criança viada travesti da lambada”.
“É uma exposição para ser visitada pelas crianças para que elas tenham realmente uma percepção cultural e artística muito interessante sobre esse tema”, argumenta Fabio.
O juiz Pedro Henrique Alves, da 1º Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, havia determinado que crianças só poderiam entrar acompanhadas dos pais ou responsáveis. Mas essa decisão também foi revogada, sob a alegação de que estaria havendo “censura”.
O Ministério Público, no entanto, tentou se explicar, dizendo que a intenção na verdade era apenas “orientar” a classificação indicativa da exposição, segundo informações de O Globo e da Agência Brasil.
“Não houve pedido de proibição para menor de 14 anos por parte do MP. O MP, em nenhum momento, pediu a proibição à Justiça. O MP enviou recomendação aos expositores, com base em decisão do Ministério da Justiça, que estabeleceu classificação indicativa como critério apenas de orientação para os pais”, disse o MP.