A popularização da Inteligência Artificial (I.A) tem proporcionado diversos avanços na sociedade, mas, como toda tecnologia, o seu uso também pode servir para o mal. É o que está acontecendo com ferramentas capazes de criar vídeos de abusos contra crianças.
Analistas estão preocupados com o emprego da Inteligência Artificial para a criação de pornografia infantil por meio de plataformas como DALL-E, Midjourney e Stable Diffusion, que oferecem recursos para a produção de imagens super realistas por meio de comandos simples.
Rebecca Portnoff, diretora do Thorn, uma organização fundada em 2012 que atua no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes, disse que houve um aumento significativo de conteúdo virtual pedófilo criado por meio da I.A.
“Imagens de crianças, incluindo o conteúdo de vítimas conhecidas, estão sendo reaproveitadas para essa produção realmente maligna”, disse ela, explicando que isso, na prática, também dificulta muito o trabalho dos investigadores.
Isso, porque, os agentes que atuam na identificação dos abusos contra crianças acabam tendo que diferenciar, também, o que são imagens produzidas pela Inteligência Artificial, e o que são imagens reais.
“A identificação da vítima já é um problema de agulha no palheiro, onde a polícia está tentando encontrar uma criança em perigo. A facilidade de uso dessas ferramentas é uma mudança significativa, assim como o realismo. Tudo isso torna o trabalho ainda mais desafiador”, explica Portnoff.
O que é crime
Com o emprego da I.A para a criação de conteúdos pedófilos, as autoridades também passaram a discutir como poderão enquadrar os criminosos judicialmente. Ou seja, autuá-los com base nas mesmas leis que criminalizam a pedofilia praticada no mundo real.
Ainda não há especificidade sobre o tema, apesar de existir um consenso quanto à natureza criminosa de quem produz vídeos de abusos de crianças, mesmo que seja por meio da Inteligência Artificial – não real.
O principal argumento se deve ao fato de que esses conteúdos são utilizados para atrair crianças reais. Os pedófilos produzem artificialmente as imagens, muitas delas baseadas em fotografias de vítimas reais, a fim de disseminar o conteúdo e envolver potenciais novas vítimas.
Para Daniel Lyons, professor de direito no Boston College, as leis atuais contra a pedofilia no mundo virtual precisam ser atualizadas, já que o avanço tecnológico nos últimos anos permite com que, agora, conteúdos virtuais sejam confundidos com os do mundo real.
“Essa lacuna entre a realidade e os materiais gerados por IA se estreitou, e isso passou de um experimento de pensamento para um problema real e potencialmente grave na vida real”, disse ele, segundo informações da ANDI.
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