A teologia da prosperidade, uma das vertentes que mais se difundiu no meio evangélico nas últimas décadas, está sendo considerada agora uma “falsa doutrina” pela Convenção Batista do Sul, a maior denominação protestante dos Estados Unidos, e uma das maiores do mundo.
Uma resolução votada e aprovada na última terça-feira, 14 de junho, durante a reunião anual da denominação, define a teologia da prosperidade como uma falsa doutrina e distorção das Escrituras, em particular no que se refere à obra expiatória de Jesus Cristo na cruz.
A reunião, que ocorre em Anaheim, Califórnia (EUA), os representantes das igrejas filiadas à Convenção Batista do Sul aprovaram a Resolução 2, que declara que a teologia da prosperidade – uma pregação que diz que “a morte sacrificial e expiatória de Jesus concede aos crentes saúde, riqueza e remoção de doenças e pobreza” – é uma distorção da “generosidade bíblica”.
O texto da resolução também acusa a teologia da prosperidade de explorar pessoas vulneráveis e culpar pessoas doentes por falta de fé enquanto corrompe uma compreensão bíblica do sofrimento.
Além disso, os Batistas agora devem ensinar que os cristãos devem prevenir-se “contra os falsos ensinos, tomar cuidado com os falsos profetas que vêm até nós disfarçados de ovelhas, mas interiormente são lobos vorazes, e guardar a integridade das Escrituras”.
De acordo com informações do portal The Christian Post, o pastor JT English, dirigente da Storyline Church em Arvada, estado do Colorado, lembrou que que a convenção batista nunca havia tratado o tema formalmente:
“Nós nunca falamos claramente como um corpo a respeito da teologia da prosperidade na forma de uma resolução”, constatou JT.
Outro pastor, do estado de Louisiana, pediu que o texto da resolução fosse alterado no trecho que menciona “doença e pobreza” para adicionar “sofrimento, doença e pobreza”, uma vez que a teologia da prosperidade vende a ideia de que o cristão estará livre de sofrimento se entregar sua vida a Jesus.
A redação alterada foi aceita pelos representantes, e vista como um esclarecimento útil. A emenda foi aprovada por unanimidade.
Outra emenda oferecida do plenário para adicionar “e crenças e práticas da Nova Era” a cada seção que denuncia a teologia da prosperidade, porque estão ligadas à ideia de que Deus “quer que sejamos felizes, saudáveis e ricos nesta terra”, representando assim uma ideologia pagã.
“Elas vêm de práticas africanas, pagãs, do voduísmo”, disse o representante que propôs a emenda, descrevendo os ensinamentos da Nova Era como o “combustível” sobre o qual a teologia da prosperidade se espalha no meio evangélico.
Em resposta, JT English disse que, embora as ideias da Nova Era sejam importantes para serem abordadas na convenção, esse é um tema de deveria ser tratado distintamente, assim como foi feito com a teologia da prosperidade. Dessa forma, a emenda para adicionar a linguagem da Nova Era foi rejeitada.
A resolução condenando a teologia da prosperidade define que “Deus e somente Deus é nosso bem maior e nosso tesouro supremo, não saúde, riqueza ou remoção de doenças”, e que “nossa confiança está em nossa herança eterna adquirida através da obra de Cristo e garantida pela obra interior do Espírito Santo”.