O presidente Jair Bolsonaro respondeu às críticas que vêm sendo feitas a ele após a confirmação de que o indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) será o desembargador Kassio Nunes Marques, e afirmou que a próxima vaga na Corte será preenchida por um jurista “terrivelmente evangélico”.
Semanas atrás, Bolsonaro declarou que indicaria para o STF um jurista com quem ele pudesse “tomar cerveja” enquanto discutisse os temas ligados ao país. Agora, o mandatário afirmou que o próximo escolhido será alguém com quem possa “tomar tubaína”, em referência ao compromisso proposto por ele próprio de indicar um jurista evangélico durante seu mandato.
Kassio Nunes Marques ocupará a vaga de Celso de Mello, que será aberta após a aposentadoria do ministro no dia 13 de outubro. A próxima e última vaga a ser aberta no atual mandato será a de Marco Aurélio Mello, que será aposentado compulsoriamente quando completar 75 anos, em 12 de julho de 2021.
“A questão de amizade é uma coisa importante, não é? O convívio da gente. Eu vou indicar o ano que vem. Primeiro pré-requisito: tem que ser evangélico, ‘terrivelmente evangélico’. Segundo pré-requisito: tem que tomar tubaína comigo, pô”, disse o presidente, durante live realizada na última quinta-feira, 01 de outubro.
Bolsonaro acrescentou ainda que mesmo que o currículo dos juristas que sugerirem a ele for “maravilhoso”, ele só decidirá depois de conhecer a pessoa: “Não adianta chegar um currículo agora aqui, maravilhoso, dez. Dez, o currículo, indicado por autoridades, dez. Mas se eu não conhecer, não vou indicar. O meu compromisso é com um evangélico”, reiterou.
“Quando no passado falavam que tinha que ter um negro, tinha que ter uma mulher, ninguém falava nada. Quando eu falo que tem que ter um evangélico… Mas não é só porque é evangélico, tem que ter conhecimento de causa também. Tem que transitar em Brasília, conhecer gente do Supremo, conhecer o Parlamento”, acrescentou.
Um dos argumentos a respeito da necessidade de conhecer os bastidores do poder é que, através do diálogo, o jurista “terrivelmente evangélico” possa influenciar os demais a enxergarem pontos de vista que a maioria dos ministros da Corte ignoram: “Eu quero botar uma pessoa lá, não é para votar certas coisas e perder por 10 a 1, tudo. ‘Ah, eu votei contra’. Não. Eu quero que essa pessoa vote com suas convicções, de acordo com o interesse dos conservadores, mas que busque maneira de ganhar alguma coisa lá também”.
Feliciano defende Kassio
O pastor Marco Feliciano (Republicanos-SP), um dos principais aliados do presidente na Câmara dos Deputados, discordou da avaliação feita pelo pastor Silas Malafaia a respeito da escolha de Bolsonaro para o STF.
“O doutor Kássio há mais de dez anos é desembargador federal, então está apto a ser ministro do STF. Confio no feeling do presidente”, resumiu, em declaração feita à jornalista Mônica Bergamo, no jornal Folha de S. Paulo.
Em uma entrevista concedida à rádio Jovem Pan, Feliciano ponderou que “em algum momento, [Bolsonaro] falou sobre um ministro ‘terrivelmente evangélico’, mas não sinalizou quando seria e nem precisa”, pois há confiança nele da parte dos líderes do segmento. “O presidente é um homem de palavra. Temos segurança com ele”, acrescentou o parlamentar, que cumpre seu terceiro mandato na Câmara.