O movimento estudantil brasileiro está na mira da classe política não alinhada à esquerda há algum tempo, e esteve perto de ser investigado em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) meses atrás. Agora, com as ocupações acontecendo em escolas públicas e universidades, o assunto está de volta à discussão, e uma CPI pode finalmente sair do papel.
O principal articulador da proposta de investigação é o pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que garante ter o número necessário de assinaturas para abrir a CPI, e afirma que a União Nacional dos Estudantes (UNE) pode ter firmado convênios com o governo federal entre 2011 e 2014 com irregularidades.
A principal desconfiança é que o movimento tenha sido usado politicamente para difundir ideias partidárias financiadas com recursos públicos. Na última quarta-feira, 26 de outubro, o pastor anunciou que já havia reunido mais de 200 assinaturas de deputados federais – 182 delas já autenticadas – para fazer o pedido de abertura da CPI.
De acordo com informações do iG, um dos alvos da CPI será o pagamento de R$ 44,6 milhões à UNE para a construção de uma sede no Rio de Janeiro. Até hoje, de acordo com Feliciano, dois anos depois do repasse, a obra ainda não foi finalizada e a UNE ficou com a posse de apenas duas salas.
“Não estamos afrontando para destruir a UNE. Não é perseguição política. Quem tem sofrido perseguição são os parlamentares. A UNE é comandada por um partido político, é um puxadinho da esquerda. A UNE tem que ser apartidária”, afirmou.
A CPI chegou a ser criada em maio pelo ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que era presidente da Câmara à época. Pouco tempo depois, ele foi afastado do mandato pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e seu sucessor temporário, Waldir Maranhão (PP-MA) anulou a criação da comissão de investigação, atendendo a uma manobra dos partidos da esquerda.
“Que fique bem claro que isso não é revanchismo”, frisou Feliciano, que tem como principais aliados na articulação os deputados Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), integrante da bancada evangélica, e Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do ex-deputado Roberto Jefferson, preso no escândalo do mensalão.