O pastor Felipe Heiderich falou mais uma vez sobre a acusação feita a ele de abuso sexual contra o então enteado, e afirmou que a ministra Damares Alves e o ex-senador Magno Malta agiram nos bastidores para prejudica-lo durante o processo que enfrentou e terminou sendo absolvido.
Felipe Heiderich concedeu uma entrevista e recapitulou o caso desde o início, destacando pontos que reforçam sua suspeita de que foi vítima de uma trama. O pastor também falou sobre os efeitos colaterais em sua saúde física e mental de tudo que atravessou nos últimos anos.
“Minha ex-esposa chegou com um advogado e um pastor e falou ‘se você assinar a anulação do casamento a gente não presta queixa de você por estupro, se você não assinar, a gente presta’. Eu tinha um patrimônio muito bom, e se eu anulasse o casamento, ficaria tudo com ela. E para a igreja, é uma fala comum que a gente tem ouvido ultimamente, você pode matar, mas divorciar, não”, contou na entrevista dada ao DCM.
“Um casal de amigos emprestou um apartamento temporariamente e quando eu cheguei lá descobri que tinha um mandado de prisão, e eu chamei um advogado e falei ‘não tenho acesso a conta bancária, não tenho dinheiro, não tenho cartão, não tenho mais nada. Esse advogado está advogando para mim… advogou de graça, para pagar depois”, relembrou.
Segundo Felipe Heiderich, o pedido de prisão contra ele foi feito ignorando um importante documento que contava a seu favor: “O mais estranho… a denúncia foi feita num dia, saiu um laudo da criança dois dias depois, dizendo que a criança mentiu a pedido da mãe, e mesmo assim eu fui preso. Eu fui preso depois do laudo. A delegada escreveu o pedido de prisão dizendo que eu era de altíssima periculosidade. Eu não devia nem na farmácia, não tinha multa de trânsito. E por causa desse ‘altíssima periculosidade’ eu era transportado com algemas nas mãos e nos pés”.
A prisão
O ex-marido de Bianca Toledo mais uma vez falou sobre a experiência de não ter sido abusado pelos companheiros de cela: “Os carcereiros disseram assim ‘quem estuprar ele primeiro, a gente não bate’. Ali eu fiz a oração da cruz. ‘Pai, nas tuas mãos eu entrego o meu espírito’, por que meu corpo acaba aqui. A única coisa que eu pedi para Deus é ‘que eu tenha uma morte rápida, por que eu não quero sofrer muito’. […] Um dos presos tocou no meu ombro e eu levei aquele susto, falei ‘já era, acabou’. E aí um [deles] me deu um shorts, o outro me deu uma camisa branca, o outro me deu uma Havaianas. E eu tenho isso até hoje”.
Diante disso, os carcereiros o torturaram com o que ele chamou de “ciclo de privação do sono”, e que algumas vezes, como ele não poderia ser tocado, pessoas eram torturadas na sua frente, como forma de intimidação.
Altos escalões
Sem citar nomes, o pastor disse que Bianca Toledo “é amiga de infância de um senador da República”, e disse que receia falar sobre esse aspecto da história: “Eu não falo sobre ele porque eu tenho medo. Eu não tenho apoio, não tenho suporte, eu pedi apoio aos Direitos Humanos. ‘Não tem’. Se eu falar sobre ele, a probabilidade de eu ser morto é muito grande. Quem vai defender? Quem é Felipe na fila do pão contra o governo? Quem é?”.
O único detalhe mais específico dito pelo pastor que liga à pessoa de Magno Malta foi uma atitude tomada pelo então senador: “Ele veio, usou o plenário e convocou um linchamento público”, afirmou, referindo-se ao discurso que pedia a criação de uma lei para condenar pedófilos à prisão perpétua.
“Eu consegui um habeas corpus e havia uma multidão do lado de fora para me linchar. Eu fui odiado por uma nação, sem ter direito de me pronunciar, sem ter direito de dar um depoimento, sem laudos, sem testemunhas, sem nada, por que alguém usou todos os meios oficiais para pedir que eu fosse morto. Linchado. Castrado. Prisão perpétua”, acrescentou.
O vínculo da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos com o caso foi explicado por Felipe Heiderich como uma descoberta recente: “Dei uma entrevista para o Léo Dias, e aí um blogueiro pediu direito de resposta. Oswaldo Eustáquio. Eu nunca tinha ouvido falar nele. Quando eu coloquei o nome dele no Google, a única coisa que tinha lá é que ele tinha sido condenado por fake news. Não era réu, ele tinha sido condenado. E aí eu entrei e vi que ele estava fazendo um absurdo sobre mim e com muito apoio, muito dinheiro, muita mídia”, introduziu.
“Era baixo. […] Ele entrava nas minhas redes sociais para me xingar, ele inventava artigos para publicar e tudo mais. Eu entrei nas redes sociais dele e vi que foram criadas para me difamar. […] As pessoas falavam ‘fica com um pé atrás porque a esposa dele é assessora da ministra’. Eu falava ‘gente, não tenho que ter pé atrás, ministra jamais vai se envolver nisso, Damares é uma pessoa séria, até onde eu sei’”, detalhou o pastor.
Segundo Heiderich, Oswaldo Eustáquio é quem atribui à ministra a iniciativa de prejudicá-lo: “Ele pediu direito de resposta no Léo Dias e falou que quem pediu tudo isso foi a Damares. Só que não fecha a conta. Porque a Damares não pediu isso quando o processo aconteceu, quando a acusação aconteceu. Ela pediu isso depois que eu já tinha sido absolvido, já tinha ganhado em primeira instância. Os ataques vieram a partir de fevereiro do ano passado”, disse ele.