O testemunho de vida de Bianca Pagliarin, filha do pastor Juanribe Pagliarin, líder da igreja evangélica Paz e Vida, é uma verdadeira lição do quanto a misericórdia de Deus manifestada através do amor de uma mãe é capaz de fazer milagres, chegando a produzir a libertação do vício em crack.
Bianca escreveu um artigo onde contou detalhes da sua luta contra a dependência química, o que quase lhe ceifou a vida. Tudo começou quando ela, ainda adolescente, passou a trabalhar como modelo, por volta dos 12 anos.
“A partir de então, passei a atuar em desfiles e comerciais de TV, sempre com minha mãe do lado. Mas em determinado momento achei que precisava me enturmar mais para conseguir mais trabalhos. Pedi para ela não me acompanhar mais, eu precisava ter amigos, como qualquer outra adolescente”, disse Bianca.
Antes disso, porém, a filha do pastor da Paz e Vida revelou que sofreu durante a infância com críticas em relação à sua aparência, por ter estado acima do peso. Isso acabou gerando na jovem evangélica um desejo de pertencimento e valorização após perder 30 quilos e entrar no mundo da moda.
Bianca queria se sentir aceita e valorizada durante a vida de modelo, algo que seria um contraste em relação à infância. Como resultado, ela passou a caminhar com más amizades e a fazer o que outras modelos faziam.
“E o que muitas faziam? Fumavam muito. Diziam que ajudava a controlar o apetite. Comecei a fumar também. Aos 15, fui me afastando dos meus pais e ficando cada vez mais desconectada da minha família”, disse ela.
Maconha e cocaína
Do cigarro, Bianca passou a frequentar festas regadas a drogas, ambiente onde conheceu entorpecentes mais pesados como a maconha. Até então, segundo ela, a cocaína e o crack não haviam entrado em sua vida.
“Agora eu tinha uma turma, que me chamava para sair e que parecia curtir minha companhia. Assim como eles, passei a fumar maconha. Alguns amigos usavam cocaína, mas preferi não experimentar”, disse ela.
A vida de modelo de Bianca não durou muito, pois ela disse que teve uma reação alérgica que terminou lhe deixando uma marca na testa. Os problemas sentimentais devido à sua aparência retornaram com força total, e ela ganhou cerca de 50 quilos em pouco tempo.
Já aos 19 anos, em 1999, a filha do líder da Paz e Vida se viu profundamente abalada quando foi chamada de “assombração” por uma colega de cursinho, e a consequência foi imediata.
“Me juntei à galera que trocava as aulas pelo bar ao lado do cursinho. Foi quando experimentei cocaína pela primeira vez”, disse ela para a Marie Claire. “Ninguém me ofereceu, fui eu quem quis”.
Da Cracolândia à libertação
Do cigarro, passando pelas bebidas alcoólicas, maconha e cocaína, Bianca Pagliarin acabou mergulhando de cabeça no vício em crack, uma das drogas mais viciantes e destrutivas que existem.
“O submundo dos usuários da cocaína se encontra em muitos pontos com o dos usuários do crack. Quis experimentar também. Logo na primeira tragada, acho que já me viciei. E aí, começaram três anos de um sofrimento pavoroso, que me acompanhou dos 19 aos meus 21 anos de idade”, disse ela.
Para sustentar o seu vício, Bianca passou a cometer furtos dentro e fora da sua casa. Seu estado de dependência se tornou tão incontrolável que ela passou a perambular pelas ruas e na Cracolândia, em São Paulo, reduto conhecido pela grande concentração de viciados no crack.
“Eu já não me importava com mais nada. Nem tinha medo de ser pega, de ser presa ou de morrer. Eu só pensava que iria fazer o que fosse preciso fazer porque não conseguia mais parar de usar o crack”, disse ela.
“Eu não via mais saída. Fui parar até a Cracolândia, onde passei dias naquelas pensões imundas de viciados, me drogando por dias e dias intermináveis”, completou Bianca, revelando que chegou a fumar 10 pedras de crack por dia.
A mudança, contudo, ocorreu quando a sua mãe resolveu agir em sua procura. Em determinado dia, literalmente jogada às traças, Bianca foi resgatada por três homens que a levaram para uma clínica de recuperação, onde permaneceu internada por seis meses.
“Minha mãe foi a pessoa que não desistiu de me encontrar, mesmo precisando ir aos lugares mais horríveis e imundos atrás de mim. Ela me salvou quando decidiu tomar as rédeas da situação. Ela salvou minha vida inúmeras vezes”, disse Bianca, hoje com 41 anos.
Atualmente, a filha do líder da Paz e Vida tem uma vida completamente transformada. Ela é casada com João Belucci e tem um filho de 5 anos. “Nunca mais usei crack ou outra droga, não bebo álcool e não fumo. Desde o meu renascimento, são mais de sete mil dias livre do crack e de qualquer outra dependência química”, disse ela.
Por fim, Bianca Pagliarin deixa uma importante lição para quem enfrenta o desavio da dependência química, independentemente da droga utilizada.
“Eu ainda não tinha entendido algo muito sério e que é o único jeito de qualquer pessoa que sofreu com o vício um dia se recuperar: é preciso internalizar a verdade que não dá para usar e ponto final. Ao total, fui internada quatro vezes. Na última, a realidade bateu forte: se eu usasse de novo, sabia que iria morrer”, disse ela.