O filme Maria Madalena, que estreou recentemente, vem sendo descrito como uma “revisão feminista” da personagem bíblica por críticos de cinema ao redor do mundo. No Brasil, o pastor Renato Vargens criou uma lista com motivos para boicotar o longa-metragem.
A atriz Rooney Mara interpreta Maria Madalena e Joaquin Phoenix dá vida ao papel de Jesus. Ambos são profissionais indicados ao Oscar.
Embora não se saiba muito sobre a vida da personagem bíblica antes dela se tornar uma seguidora de Jesus, ela passa a ser notada depois de, em certa altura, ter sido possuída por sete demônios. As Escrituras narram, ainda, Maria Madalena e outra mulher como as responsáveis por encontrar o túmulo vazio de Jesus Cristo, e espalhar a notícia da ressurreição do filho de Deus.
Porém, após o lançamento do filme, há um consenso entre críticos de cinema e líderes cristãos: o longa-metragem não é fiel à Bíblia.
“Isso não vai agradar a todos. Ultra-conservadores às vezes são duvidosos sobre qualquer representação de Jesus na tela. Para os meramente conservadores, se Ele (Jesus) é retratado, tudo tem que ser ultra-reverencial e seguir servilmente ao texto. Este não é o [caso desse] filme. E os secularistas que querem ‘desmitificar’ a história não vão gostar da razão oposta, existem milagres (discretos), e há uma ressurreição”, opinou o crítico do portal Christian Today.
O portal britânico Independent destacou que uma das principais falas do filme contradizem o relato bíblico de Marcos 16: 9, que afirma que Jesus purificou Maria Madalena de “sete demônios”. Em Maria Madalena, no entanto, o personagem de Joaquin Phoenix diz que “não há demônios aqui”.
4 motivos
O pastor Renato Vargens foi além em sua abordagem do tema, e disse que Maria Madalena, assim como outros filmes (Noé e Êxodo, por exemplo), não reproduzem o sentido do relato bíblico, causando distorções.
“Apesar de aparentemente os roteiros destes filmes tratarem de questões bíblicas, o que vimos foi algo completamente diferente daquilo que as Escrituras mostram e ensinam”, afirmou Vargens em um artigo em seu blog.
“O filme Maria Madalena não fugiu à regra […] Em primeiro lugar a história traz a ideia que houve um relacionamento amoroso entre Jesus e Maria Madalena, o que por si só é um absurdo bíblico, mesmo porque as Escrituras em nenhum momento nos mostram isso”, afirmou.
“Em segundo lugar, o filme desconstrói de forma sorrateira a deidade de Deus, superdimensionando sua humanidade em detrimento à divindade”, argumentou.
O terceiro motivo apontado pelo pastor é que “o filme, nos traz entrelinhas uma percepção de mundo diferente a revelada pela Palavra de Deus”. “Posso afirmar sem sombra de dúvidas que o filme possui um viés feminista sugerindo aos telespectadores a ideia que Maria Madalena possuía um papel especial e preponderante entre os apóstolos”, destacou.
“E em quarto e último lugar, o filme não é fiel a Palavra de Deus que por si só o desqualifica. É possível que alguns, ao lerem este texto, estejam dizendo com seus botões: ‘Que bobagem, isso é cinema, é ficção’. Pois é, aí que mora o perigo. O filme trata de um fato histórico e não uma ficção. O problema, é que o roteiro não está fundamentado no que de fato aconteceu, dando margem para a desconstrução de conceitos bíblicos que, se, observados e cridos, poderão de forma efetiva levar a muitos dos telespectadores ao engano, bem como a uma visão estereotipada e equivocada de quem é Jesus”, concluiu.