Os clipes de funk ostentação são as mais novas ferramentas do mercado fonográfico deste estilo musical para atrair admiradores. E o principal cineasta é um evangélico, que acumula mais de 200 clipes do estilo musical em sua carreira.
Washington Rodrigues, conhecido como Tom, é mineiro, casado, e já foi servente de pedreiro, vidraceiro e camelô. Descobriu nos clipes do funk ostentação uma forma de ganhar dinheiro, e toca a vida sem se preocupar com a repercussão de seu ofício junto aos irmãos de fé.
Aos 25 anos de idade, Tom é apontado pelo jornal O Globo como o grande nome na produção de clipes do funk ostentação. Em cinco anos de profissão, acumula mais de 220 milhões de acessos ao seu canal do YouTube.
Os cenários que usa para gravar seus clipes são formados por casas suntuosas, carros esportivos importados, eletroeletrônicos de última geração, e mulheres seminuas, com o corpo malhado, como pede o figurino do funk ostentação.
O início na profissão foi amador, e por acaso: “Nem tinha câmera. Tirei foto com o meu celular, um Nokia N73. Deu resultado, e aí eu montei um segundo DVD com vários funks conhecidos de Belo Horizonte. Se a letra falava de sangue, morte, eu buscava imagem disso no Google e montava. Tinha feito um curso de computação de seis meses. Usava o Nero ainda”, referindo-se ao popular software de montagem de vídeos amadores.
O trabalho ganhou notoriedade e Tom conseguiu comprar uma câmera Sony, semiprofissional, o que permitiu a ele produzir outros clipes, e estes chegaram até um empresário do Rio. Seu primeiro clipe na cidade foi o da música Amor Proibido, do MC Fininho. O vídeo chegou a 11 milhões de visualizações, e tornou o diretor famoso no meio.
Funkeiros como Mr Catra, Menor do Chapa e o grupo Os Lelek passaram a requisitar seus serviços, que agora custam entre R$ 2 mil e R$ 5 mil por dia de filmagem, valor bem inferior aos obtidos pelos cantores do estilo, que chegam a faturar R$ 1 milhão por mês com média de 40 shows a cada 30 dias.
Após concluir a captação dos vídeos, Tom edita e publica em seu canal, que é assinado por 1,2 milhão de internautas. O cineasta garante que a exaltação à riqueza e à luxúria, contrária aos princípios bíblicos, é apenas uma questão profissional. Questionado se consultou seu líder espiritual sobre o assunto, Tom ri e nega: “Não perguntei para o pastor se pode. Melhor não saber”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+