Ricardo Gondim, líder da Igreja Betesda, publicou uma carta aberta direcionada à comunidade LGBT destacando seu engajamento antigo com as pautas do movimento e reiterando a recusa em reconhecer a homossexualidade como pecado.
O líder religioso que no passado era ligado à Assembleia de Deus e anos atrás rompeu com o movimento evangélico, milita de forma aberta pela ideologia de esquerda. Em outubro de 2022 revelou que sua decisão em apoiar os homossexuais resultou em debandada de membros da Betesda, que à época estava endividada.
Em seu novo texto, Gondim afirma que o fenômeno conservador que elegeu o presidente Jair Bolsonaro foi o gatilho para sua decisão de endossar o movimento LGBT: “Quando percebemos, a partir de 2018, que os rumos políticos e dos direitos humanos corriam sérios riscos, tomamos a decisão colegial entre pastores de nos declarar uma igreja afirmativa”.
Em seguida, o escritor e líder religioso reitera seu posicionamento politicamente correto: “Não entendemos que pessoas que se identificam como LGBTQ+ pecam ao expressarem afeto e intimidade sexual por pessoas do mesmo sexo. Isso está resolvido entre nós e não tem volta”.
Confira a íntegra da carta aberta de Ricardo Gondim ao movimento LGBT, que ele encerra sem sua tradicional assinatura “soli Deo gloria”, antes adotada em todos os seus textos:
Querido, querida, que se identifica como LGBTQ+. Quero falar com vocês.
Desde 2011 me pronunciei a favor dos direitos civis das pessoas homoafetivas em uma entrevista à revista Carta Capital. Naquela época minha mulher se especializou em sexualidade humana em um curso na USP e nossa sintonia foi imediata. Aos poucos, em debates internos e em seminários abertos à igreja, tratamos do tema.
Quando percebemos, a partir de 2018, que os rumos políticos e dos direitos humanos corriam sérios riscos, tomamos a decisão colegial entre pastores de nos declarar uma igreja afirmativa.
Não entendemos que pessoas que se identificam como LGBTQ+ pecam ao expressarem afeto e intimidade sexual por pessoas do mesmo sexo. Isso está resolvido entre nós e não tem volta.
De lá para cá, nossa comunidade foi brindada com a chegada de pessoas lindas, simpáticas, crentes em Jesus e prontas para serem discipuladas. Como ganhamos com vocês, como ficamos mais autênticos, como nossa história se encheu de esperança.
Quero escrever uma carta por dia durante essa semana. Tenho vários assuntos para tratar com vocês. E vou fazer em público.
Hoje quero só dizer que, embora heterossexual e feliz com minha mulher, nunca imaginei o ódio que vocês experimentam. Claro, eu conhecia o termo homofobia, só não atinava que essa fobia, quando ganha dimensões piedosas ela se torna iníqua. Agora sei: não existe pior ódio senão aquele que vem com uma pátina de espiritualidade.
Já me condenaram ao inferno, me prometeram chagas e o pior: eu me tornei radioativo; pouquíssimos pastores e igrejas ainda têm coragem de aparecer numa foto ao meu lado.
Contem conosco, os pastores da Betesda e comigo, especialmente.
Em Isaías 61, o texto nos diz que o Senhor nos chamou para sermos “carvalhos de justiça”. Os ciclones do mal não nos envergarão.
Com carinho,
Ricardo Gondim.