Gregório Duvivier novamente voltou a usar a fé cristã para promover alguns de seus ranços, e publicou um artigo no jornal Folha de S. Paulo, onde associa o ministério de Jesus a uma espécie de raiz do comunismo, repetindo os mesmos erros – em vários casos, intencionais – que outros defensores dessa filosofia cometem.
No curto artigo, com o usual tom de deboche e pretensão, Duvivier faz malabarismos para dizer que “só mesmo no Brasil que o país para pra celebrar o aniversário de um líder comunista”. A primeira provocação, no entanto, não fica por aí: “Um baderneiro terrorista bolivariano sem-terra defensor de bandido e da prostituição”, acrescenta.
Para justificar sua afirmação, Duvivier supõe que “o sujeito perdoava até o roubo, mas não perdoava a riqueza”, numa alusão à frase que Jesus usou para condenar o amor ao dinheiro. Ateu, o fundador do Porta dos Fundos deixa claro que se empenha em conhecer a vida de Jesus para, então, atacar quem acredita n’Ele como Filho de Deus.
“Olhem pra vida do rapaz: não acumulou riqueza, não se formou, ao invés disso vivia descalço cercado de leprosos defendendo bandido. Isso não significa, no entanto, que ele fosse paz e amor. O sujeito tava mais pra [Carlos] Marighella que pra Gandhi”, prossegue, associando a conduta de Jesus ao guerrilheiro comunista brasileiro idolatrado pela esquerda.
Sem pudores, Duvivier diz que Jesus “perdoou as prostitutas e, pior, garantiu que elas vão entrar no céu antes de você”. Como é comum entre os formadores de opinião adeptos da filosofia de esquerda, os esforços de reinterpretação não são tímidos: “‘Elas [prostitutas] e os cobradores de imposto’, disse o comuna, provando que, se tem uma coisa que comunista gosta mais ainda do que de putaria, é de imposto”.
Hipocrisia
Recentemente, Gregório Duvivier, Fábio Porchat, Antonio Tabet, Ian SBF e João Vicente de Castro venderam o controle do canal Porta dos Fundos para uma empresa norte-americana chamada Viacom. No negócio, cada um embolsou R$ 8 milhões, de acordo com informações do jornal O Globo.
Em seu artigo sobre Jesus e o Natal, Duvivier faz proselitismo político escancarado, exaltando a imagem pichada por comunistas ao longo do tempo de que o modelo socialista é o modelo que resolveria os problemas da humanidade.
Jesus, segundo Duvivier, “atendia leproso sem cobrar nada ou pedir a carteirinha do plano, como se fosse um médico do SUS”. Na sequência, o humorista milionário explicita sua paixão pelo Partido dos Trabalhadores: “Não só: atendia inclusive estrangeiros, como no caso do centurião romano, mostrando ser a favor do programa Mais Médicos”.
O arremedo de artigo produzido por Duvivier, no entanto, omite que o programa Mais Médicos, criado pelo governo Dilma Rousseff (PT), foi um enorme esforço de financiamento do governo cubano, com o repasse das verbas para a ditadura comunista. Os médicos cubanos que vieram trabalhar no Brasil viviam com menos de um terço do que era pago pelos contribuintes, e o grosso ficava nas mãos dos irmãos Castro.
Uma última provocação, então, é feita: “Ao transformar água em vinho, nada mais fez do que dar drogas à juventude —como bom comunista. Vamos lembrar que quem transforma água em vinho troca uma substância que não dá onda por outra que dá, como quem troca tabaco por maconha”, afirma Duvivier, sugerindo que Jesus incentivava o uso de drogas alucinógenas.
As alegações de Duvivier sobre Jesus, no dia da celebração de seu nascimento, não passaram despercebidas, no entanto. Nas redes sociais, inúmeros internautas comentaram a postura desrespeitosa que o humorista adotou em seu texto, de forma gratuita, como forma de enfatizar a fé deste ateu no comunismo.
O sociólogo e jornalista Thiago Cortês usou o Facebook para, rapidamente, refutar as alegações do ativista ateus e marxista: “Duvivier: ‘Jesus era socialista’. Jesus trabalhava? Sim. Jesus pagava imposto? Sim. Jesus dependia do governo? Não. Jesus fazia Deus chorar no banho? Não. Logo, Jesus não era socialista”.