A situação dos cristãos em Hong Kong vem se deteriorando de forma acelerada com a imposição de controle feita pelo Partido Comunista Chinês. Um bispo de 90 anos foi preso por ajudar manifestantes pró-democracia a quitarem multas aplicadas durante protestos contra o governo da China.
Joseph Zen, que atuou como bispo de Hong Kong e é um cardeal da Igreja Católica, foi preso pelas autoridades por ser o administrador da entidade 612 Humanitarian Relief Fund, que apoia os protestos pró-democracia no país.
De acordo com o portal NRC, a entidade pagou advogados para pessoas que foram presas por participarem dos protestos pró-democracia em 2019, assim como as custas dos processos e multas.
O bispo Zen foi detido junto com três ativistas pró-democracia na delegacia de Chai Wan, na última quarta-feira, 11 de maio. Após ser interrogado sobre seu envolvimento com os manifestantes, ele foi liberado sob fiança.
“O cardeal Zen é o primeiro cardeal católico preso em solo chinês nas últimas décadas. Ele nos lembra do heroico cardeal Kung de Xangai, que foi preso em 1955. Lamentamos muito que isso tenha acontecido e oramos para que Deus lhe dê graça e força para continuar sua batalha pela liberdade religiosa e pela democracia”, declarou um líder cristão de Hong Kong à entidade International Christian Concern (ICC).
Conhecido como um defensor da democracia em Hong Kong e da liberdade religiosa na China, Zen frequentemente critica a opressão do governo comunista sediado em Pequim contra o povo, em especial à comunidade católica que vem sendo obrigada a se reunir de forma clandestina, como os demais cristãos do país.
Seu apoio a ativistas pró-democracia e sua postura contra o Partido Comunista Chinês o colocaram na mira do governo. A perseguição se intensificou em junho do ano passado, quando o bispo Zen recebeu ameaças durante os preparativos de uma missa em memória das vítimas do Massacre da Praça da Paz Celestial, quando o governo reprimiu de forma cruel um protesto por liberdade e democracia.
“A erosão da liberdade em todos os aspectos em Hong Kong é muito preocupante, pois um número crescente de combatentes da liberdade é preso e encarcerado por acusações fabricadas”, declarou Gina Goh, representante da ICC no Sudeste Asiático.
“Se um reverenciado cardeal de 90 anos não puder ser poupado, isso indica que o sistema legal continuará a ser abusado pelo governo para prender qualquer pessoa em Hong Kong que considere uma ameaça à cidade. O Vaticano e o mundo precisam falar e apoiar o cardeal Zen”, alertou.
O Vaticano optou por não se manifestar a respeito da prisão, o que motivou muitos cristãos de diferentes vertentes a protestarem nas redes sociais, cobrando que a Igreja Católica se posicione a respeito do episódio.
“Esperamos que o Vaticano não apenas condene a prisão do Cardeal Zen e peça sua libertação ao lado dos outros ativistas, mas também reconsidere seu silêncio em relação à prisão em curso, violações dos direitos humanos em Hong Kong e na China”, declarou Sam Goodman, diretor de política e advocacia da Hong Kong Watch.