Há pastores que evitam pregar sobre santidade por que eles próprios vivem, fora dos holofotes, de forma incoerente com a mensagem do Evangelho e com práticas que denotam apego ao pecado, denunciou o pastor e teólogo John Piper.
Piper pregou na conferência Together For The Gospel (T4G) e fez um alerta ao público sobre os indícios que a falta de pregação sobre a santidade apontam:
“Alguns pastores evitam pregar sobre a urgência e a necessidade da santidade porque suas próprias vidas secretas estão moralmente comprometidas”, afirmou o veterano pastor.
“Eles estão perdendo tempo com ninharias. Estão assistindo a filmes que enchem suas mentes de mundanismo e impiedade. Eles estão se metendo em pornografia ou coisa pior. Eles são desonestos em suas transações financeiras. Eles continuamente comem demais em escravidão à comida. Negligenciam o ensino de seus filhos nas coisas do Senhor e não oram com suas esposas. Eles estão começando a se medicar com vinho à noite, que uma vez chamaram de ‘liberdade’. Sua boca casual tornou-se grosseira. […] E eles estão se tornando de segunda mão [ao] usar os sermões de outras pessoas”, disparou Piper.
Alerta ministerial
A conferência T4G aconteceu entre os dias 19 e 21 do mês passado, e contou com sermões de vários pregadores, além da presença de pastores de “mais de 25 denominações, todos os 50 estados [dos EUA] e 62 nações”, segundo informações do portal The Christian Post.
Com a plateia formada essencialmente por colegas de ministério, Piper disse que alguns pastores apenas pregam sobre como o derramamento de sangue sacrificial de Jesus significa que há graça para o perdão.
Nesse contexto, muitos dos pastores que adotaram essa abordagem liberal muitas vezes evitam pregar sermões sobre como a graça também deve vencer o pecado e deve levar a uma vida mais santa:
“Se cansaram do estudo bíblico frutífero. […] É de se admirar que esses pastores preguem a graça para perdoar e não a graça para conquistar alguém? Não há mistério aí. Eles erguem bem alto a cruz cobrindo todos os seus pecados e nunca fazem a conexão bíblica com o Crucificado”, ponderou.
O pastor de 76 anos lembrou que Jesus “foi crucificado para conquistar sua pornografia; Ele foi crucificado para vencer sua preguiça; Ele foi crucificado para vencer nossa gula; Ele foi crucificado para vencer nossa desonestidade; Ele foi crucificado para trazer de volta a alegria de criar seus próprios sermões”.
“Hipersensibilidade”
Pastores que tendem a “evitar qualquer coisa que se aproxime do tipo de pregação que confrontaria as pessoas com seus pecados e arriscaria torná-las infelizes” precisam rever seus ministérios, exortou Piper.
“Existem pastores que estão profundamente infectados com a cultura mimada que vivemos na América contemporânea. Eles não são apenas hipersensíveis a serem ofendidos, mas no púlpito, eles têm medo de provocar o desagrado de alguém”, enfatizou.
“Há razões para essa relutância em pregar a urgência da santidade, e uma delas é a insegurança arraigada no pastor [da qual eles nunca se livraram]. Nossas inseguranças podem vir de muitos lugares diferentes”, e isso, segundo Piper, pode levar um pregador a omitir a necessidade de “urgência” aos cristãos para que vivam vidas santas porque eles “simplesmente não viram a conexão entre a obra de sepultar o pecado de Cristo e a obra de matar o pecado do cristão”.
Ele acrescentou que alguns pastores são “relutantes em pressionar a consciência de seu povo com exigências bíblicas de santidade porque temem a repreensão de Jesus”.
“Para esses pastores, eu imploro que você não tente abordar um perigo bíblico real de uma maneira não bíblica. O ponto desta mensagem é que a luta cristã pela santidade está ligada ao perdão dos pecados de uma maneira gloriosa e única do Evangelho”, recomendou.
“Nenhuma outra religião no mundo chega perto do que estou falando, da conexão entre a obra de Cristo que leva o pecado, terminada, perfeita, eficaz e a guerra que você tem contra o pecado. Irmãos, conheçam esta estranha, maravilhosa e única dinâmica evangélica sobre como passar da obra de Cristo que leva o pecado para a obra de matar o pecado do cristão e mostre ao seu povo. Mostre ao seu povo como vivê-la!”.
O medo de ser rotulado como “conservador, fundamentalista, progressista ou desperto” tem paralisado muitos pastores: “Eles vão evitar qualquer tipo de ordem bíblica que os coloque em algum campo do qual eles não querem fazer parte. Isso é escravidão”.
“O remédio para esse tipo de escravidão às opiniões dos outros é, primeiro, tornar-se mais como Jesus. Você não quer ser livre assim? E a segunda parte do remédio é estar tão radicalmente comprometido [com] tudo o que a Bíblia ensina, de modo que, quando as pessoas pensam que você está atrelado e em algum campo, você traz algo de seu tesouro bíblico que simplesmente as deixem espantadas. Você tem que desagradar a todos às vezes, ou provavelmente não está entendendo direito”, finalizou.