O ator Kevin Costner produziu um filme de faroeste que vai contar a história de exploração dos Estados Unidos pelos primeiros colonos – que chegaram à América fugindo da perseguição religiosa no Reino Unido. Horizon: An American Saga reservará espaço para retratar a fé desses desbravadores.
Ao todo, serão quatro filmes para contar o que foi o processo de conquista da América, e Kevin Costner entende que o papel crucial que a fé dos colonos teve precisa ser destacada na história: “A fé é o que guiou as pessoas para o desconhecido”, disse o ator e diretor vencedor do Oscar.
“Eles apenas se apoiaram nisso. Houve essa promessa, mas a promessa não foi suficiente. Você tinha que seguir com fé. E as pessoas trouxeram a religião com elas para o Ocidente”, acrescentou o ator e diretor.
Aos 69 anos, Kevin Costner afirmou que olhar a vida e a arte pelas lentes da fé é uma coisa natural para ele: “Eu cresci batista e a igreja sempre fez parte da minha vida, minha avó, a coisa toda, então não me importo que isso se transforme em um filme”.
“Eu não forço isso. Mas quando penso por que as pessoas foram para o Ocidente, quando se despediram das pessoas do leste, nunca mais as viram, havia algum tipo de confiança na qual as pessoas precisavam se apoiar, porque elas muitas vezes estavam em situações em que nem sabiam o que estavam fazendo. Eles estavam fora de controle, precisavam de fé”, reiterou.
Perseverança
Para realizar o projeto, Costner investiu US$ 38 milhões do próprio bolso, além de atrair outros investidores. Os atores Sienna Miller, Sam Worthington e Luke Wilson estão no elenco.
O primeiro filme terá três horas e chega aos cinemas dos EUA na próxima sexta-feira. Horizon: An American Saga – Chapter 2 será lançado seis semanas depois, em 12 de agosto, enquanto o terceiro está previsto para ser lançado em 2025.
Costner revelou que vem trabalhando no projeto desde os anos 1980 e que perseverar no processo de criação também exigiu fé, já que a indústria do cinema em Hollywood não costuma ser receptiva a projetos tão complexos e demorados:
“Tento impulsionar as coisas através da força de vontade e tenho conseguido fazer muito isso na minha vida. Mas também descobri que as coisas acontecem em seu próprio tempo. Acho que foi assim que minha carreira foi, para ser sincero. Tudo no seu tempo, não entrei em cena na adolescência. Demorei um tempo. Então, confio na minha jornada”.
Filme para adultos
O longa-metragem foi classificado como inadequado para menores de idade por conta de cenas de violência e nudez, e o ator é honesto ao dizer que não é um filme cristão, já que será visceral em mostrar as lutas do Velho Oeste e o relacionamento muitas vezes sangrento dos colonos com os nativos americanos.
A proposta é mostrar que os colonos só tiveram força de vontade de conquistar o território porque eram movidos pela fé e pela ideia de família. De acordo com o portal The Christian Post, versículos bíblicos são sutilmente infundidos ao longo do filme, frequentemente citados por personagens em momentos de provação.
Em uma cena, um colono cita Salmos 23:5 (“Preparas-me uma mesa na presença dos meus inimigos; você unge minha cabeça com óleo; meu copo transborda”), e Costner conta que usou o texto para retratar o contexto do filme: “Eu queria que [as Escrituras] obviamente se relacionassem com a situação”, disse.
O longa também destaca a nobreza e a força encontradas nas famílias e o papel vital que desempenham na criação de uma sociedade próspera. Costner, pai de sete filhos, disse que o tema está em seu coração; seu filho mais novo, Hayes, 15 anos, aparece no filme como Nathaniel Kittredge.
“Qualquer um pode fazer um filme sobre um tiroteio, e eu vou levar você para esses tiroteios, e esses tiroteios serão aterrorizantes e barulhentos. […] Isso tem violência, mas também tem uma nobreza, um senso do por quê a família é importante. Quando ela se despede do filho, ela tem fé de que estará com ele novamente. Violência e humanidade podem andar juntas. Essa é minha esperança de que, embora seja um R, muitas pessoas dirão: ‘Sinto que minha filha deveria ver isso’”.
Por fim, ele espera que Horizon possa oferecer uma compreensão diferenciada da narrativa histórica dos Estados Unidos: “Não pretendo reinventar o Ocidente ou esclarecer as coisas”, disse, acrescentando que o filme tenta reconhecer as duras realidades e os conflitos culturais da época, ao mesmo tempo que celebra a desenvoltura e a coragem daqueles que se aventuraram no Ocidente.
“Isso foi muito disputado. A desenvoltura necessária para as pessoas que saíram, nem mesmo estando necessariamente equipadas para estar no Ocidente, é algo que admiro. Mas também compreendo o grande choque que aconteceu entre culturas e o que perdemos. Houve pessoas que foram deslocadas. Então não ignoro nada disso. Eu simplesmente vou atrás disso. Espero estar do lado do comportamento e da autenticidade”, encerrou.