A discussão sobre o aborto no Brasil está longe de um consenso, e talvez nunca chegue ao fim, devido ao empenho de ativistas pró-legalização da prática em manter o debate aberto. No entanto, apesar da alegada defesa da liberdade de decisão para mulheres, a maioria dos brasileiros é contra.
Uma pesquisa realizada pelo Ibope descobriu que apenas 16% dos brasileiros é a favor da legalização do aborto. A maioria, 79%, não aprova a interrupção dos partos por acreditar que a preservação da vida é um princípio do qual não se pode abrir mão.
De acordo com informações do Tribuna Hoje, os defensores da legalização do aborto argumentam que a discussão deve ser em torno da priorização da saúde, visto que muitas mulheres optam por clínicas clandestinas para não levar adiante gestações indesejadas, e isso termina, muitas vezes, em morte.
“A discussão tem que ser encarada, de frente; é polêmica, mas é preciso esgotar todas as questões que o debate envolve. Não dá para continuar as mulheres morrerem jovens por causa disso […] Tem que ser pelo direito à saúde, a definir o que é que a mulher quer do seu corpo e ser tratada como cidadã de direitos e exercê-los em qualquer situação”, argumenta Girlene Lázaro, secretária da Mulher da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Alagoas.
Segundo a CUT, 13% das mulheres que optam por abortos realizados de maneira clandestina terminam mortas, e boa parte das que sobrevivem, enfrentam sequelas.
Contrário à legalização do aborto, o advogado Mirabel Alves, secretário de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Alagoas, diz que não há como “dizer qual seria a saída para tantos problemas envolvendo o tema, uma vez que se trata de problema de alta complexidade que, além de tratar da vida e da morte, envolve discussões sobre políticas de saúde pública, de educação, de cultura e, sobretudo de natureza espiritual”.
Alves, que é evangélico, diz que a legalização do aborto é uma solução simplista para um problema amplo e diverso: “Basta olhar para cada família brasileira, especialmente as de baixa renda e notar o quanto a nossa juventude está exposta a uma série de ataques que vêm, através da mídia, especialmente no conteúdo erótico exibido diariamente na televisão, bem como nas músicas populares, o que serve de estímulo para a prática do sexo sem proteção e sem consequência, o que leva muitas jovens, adolescentes e até crianças a engravidarem fora do momento, ocasião e condições adequadas”, pontua.
Em sua conclusão, Mirabel Alves observa que a oferta de educação, saúde preventiva, cultura de qualidade e outras políticas inclusivas poderia mudar a realidade e o número de mortes por abortos: “Nós teríamos uma sociedade mais justa e por consequência mais pacificada, lembrando aquela máxima que diz que o fruto da justiça é a paz”.