Os programas de igrejas neopentecostais que se proliferam a altos custos nas emissoras de TV aberta se tornaram tema de um debate sobre os limites das liberdades de expressão e crença, e o dever do Estado de investigar e coibir abusos cometidos em nome da fé.
O jornalista Flávio Ricco, ferrenho opositor dos programas evangélicos na TV, diz que alguns líderes religiosos tem extrapolado o limite do aceitável, porém “de nada tem adiantado chamar a atenção das nossas autoridades contra o abuso cometido pelas igrejas, das mais diversas bandeiras, que continuam promovendo verdadeiras atrocidades em programas de rádio e televisão”.
Ricco acrescenta que “pessoas que chegam ao cúmulo de se colocar capazes de operar milagres”, mas no fundo, a intenção é “sempre encher, e cada vez mais, as suas sacolinhas”, dando a entender que ele enxerga indícios de charlatanismo em tais programas: “Através de óleos, gotinhas, passes e toalhinhas, tudo é prometido aos desavisados, desde empregos até curas de unha encravada ou o pior dos cânceres”, desabafa.
O artigo do jornalista publicado pelo portal Uol demonstra indignação com o fato de as autoridades não intervirem nos fatos, em busca de esclarecer se há realmente algum abuso sendo cometido. “Num país como o nosso, com as deficiências no sistema de saúde que todos conhecemos, é possível entender o desespero de alguns. Incompreensível é observar o silêncio ou o pouco caso que é dispensado a um assunto tão grave”, dispara Ricco.
Ao concluir, Flávio Ricco diz que a ausência de ação pode ser motivada por interesses não tão republicanos: “Leis existem e estão aí para serem cumpridas. Ninguém tem o direito de enganar tanta gente o tempo todo. Falta apenas a vontade ou o interesse de aplicar e punir de igual maneira tais emissoras, no mínimo coniventes com esse estado de coisas”.