A China está entre os 50 países que mais perseguem os cristãos no mundo, segundo uma lista publicada anualmente pela organização Portas Abertas. No regime político controlado com punhos de ferro pelo Partido Comunista Chinês (PCC), os cristãos chineses não possuem plena liberdade para cultuar a Deus, nem mesmo dentro da igreja.
Felizmente, os chineses que vivem no Brasil desfrutam de uma realidade bem diferente dos seus parentes distantes, e um grande exemplo disso é a existência de uma igreja nas dependências do número 1.177 da Avenida Doutor Carlos Barbosa, no bairro Medianeira, em Porto Alegre.
A denominação presbiteriana foi fundada em 1983, pela mãe de Kuo Wan Feng, conhecido como Marcos no Brasi, hoje com 71 anos. A fundação se deu quatro anos depois que a sua família, natural de Taichung, na China, trocar São Paulo por Porto Alegre.
O detalhe que chama atenção é que nessa igreja os cultos são realizados em dois idiomas, simultaneamente: português e mandarim. A pregação, slides, músicas, tudo é transmitido na língua portuguesa e chinesa, segundo Fend, para preservar algumas tradições culturais do seu país de origem.
Como muitos membros chineses antigos da igreja já faleceram, seus filhos e netos viram a necessidade de “abrasileirar” mais a denominação, a fim de facilitar a inclusão dos mais jovens. Por isso mais recentemente elegeram um pastor brasileiro, natural de Novo Hamburgo, chamado Jurandir da Silva.
Silva, porém, já morou na China entre 1993 e 2005, período em que atuou como missionário da Igreja Batista. Assim, já tendo conhecido de perto a cultura dos chineses, o pastor consegue interagir melhor com a congregação.
“Eles dão muito valor à cultura, e eu tive bastante contato com ela, por ter morado lá. Tem muitas diferenças. Algumas comidas, por exemplo, eu não gosto, mas como para me integrar. Hoje é uma comunidade heterogênea”, disse o pastor.
Para Fend, a brasilidade da igreja fundada por sua mãe chinesa será inevitável. O mais importante, segundo o cristão que conhece a realidade da perseguição religiosa em seu país de origem, é que a mensagem do Evangelho continue sendo anunciada.
“Penso que, daqui a 10 ou 15 anos, vai virar uma igreja brasileira. Mas eu não vejo problema. O mais importante é manter as pessoas, principalmente as crianças, no caminho certo”, conclui, segundo o Gaúcha Zero Hora.