Muitos estudiosos definem a “guerra de classes” como um estratagema usado pelos militantes das ideologias de esquerda para “dividir e conquistar”. Na prática, a divisão da sociedade em minorias resulta em segregação, e essa situação pode ser constatada na iniciativa de uma igreja “inclusiva” que está apoiando uma ação social exclusiva para transexuais.
As igrejas chamadas “inclusivas” adotam uma interpretação teológica que nega que a Bíblia defina a homossexualidade como um pecado. No Brasil, diversas comunidades têm abraçado essa bandeira, marcando um cenário de liberalismo que vai contra todas as denominações cristãs reconhecidas como sérias, passando pela Igreja Católica, as igrejas protestantes tradicionais como Batista e Presbiteriana, e também as pentecostais, como a Assembleia de Deus.
A Igreja da Comunidade Metropolitana no Rio de Janeiro abraçou a iniciativa de uma transexual que dá aulas de inglês para pessoas trans de baixa renda. O grupo de estudo não é abrangente à população de baixa renda que circunda o templo da denominação inclusiva, mas exclusivo aos transexuais.
“A população transexual sofre muito no Brasil, [a sociedade] marginaliza a gente. A gente vive uma situação de violência sistemática, a gente morre todo dia. A gente é impedido de acessar o mercado de trabalho e âmbitos educacionais. Só que eu tive o privilégio de aprender, mas a maioria das pessoas trans como eu não teve. Não sou uma regra, sou exceção”, diz a transexual que idealizou o projeto e se identifica como Thiago Peniche.
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De acordo com informações do portal G1, a ideia surgiu após Peniche retornar de um intercâmbio no Canadá, um dos países mais progressistas do continente americano. “Esse curso propõe um ambiente de segurança e socialização entre essas pessoas, para que elas se sintam à vontade para o momento do aprendizado. Aprender uma segunda língua em um ambiente onde eles não vão sofrer julgamento algum. Porque a maioria das pessoas trans não consegue nem terminar o ensino médio. E as pessoas querem aprender, só que falta oportunidade”, argumentou.
O projeto, chamado Es(trans)geiros, conta com o apoio da igreja inclusiva, que cede o templo para a realização das aulas. “Ajudamos cedendo o espaço, projetor, quadro branco e um cafezinho”, afirmou o pastor Luís Gustavo, em entrevista ao jornal O Dia.
“A igreja está aberta de todas as formas, porque a gente tenta, enquanto igreja, influenciar para o bem comum com foco nas pessoas LBGTs, mas não somente. E é bom enfatizar que esse projeto é um projeto de protagonismo das pessoas transexuais. É um projeto do professor Thiago com essas pessoas. Nós igreja entramos somente como parceiros”, acrescentou.
Peniche conta que o custo do curso vem sendo pago através de uma vaquinha feita na internet: “No início, estipulei a meta de conseguir R$ 100 por mês. Mas eu percebi que com todos os gastos precisaria um pouco mais. Além do custo da passagem, com alunos que saem de Duque de Caxias, Saracuruna, Marechal Hermes, Bangu, a gente também gasta com o material usado nas aulas e também um lanche”, disse.