A Justiça do Espírito Santo nomeou um pastor para ser interventor na Igreja Maranata pelos próximos 90 dias. A determinação ocorreu devido às investigações que apuram o desvio de dízimos na denominação, e vem como ação complementar ao afastamento da cúpula da igreja e prisão de alguns pastores.
Julio Cezar Costa é pastor da própria Igreja Maranata há dezenove anos, além de coronel aposentado da Policia Militar, e se considera isento para cumprir o papel de interventor, gerenciando toda a parte financeira e fiscal da igreja no período.
O pastor se disse surpreso com a indicação: “Eu sou um homem que está acostumado com coisas difíceis. A surpresa veio porque eu não esperava que meu nome, na condição de professor, viesse a ser apontado nesse momento. Mas eu recebo com bom grado, até porque vou ter condições de mostrar à sociedade capixaba, mais uma vez, a idoneidade da minha pessoa e da Igreja Cristã Maranata”, afirmou.
Para Costa, a investigação do Ministério Público deve ser ajudada, uma vez que a própria Maranata detectou desvio de dízimos quando fez uma auditoria interna: “A Igreja Cristã Maranata, a partir de seus órgãos próprios, apurou, no final do ano de 2010, por um procedimento administrativo e acabou por afastar pessoas e ajuizar ações requerendo um estorno para os seus cofres de um valor aproximado de R$ 2 milhões. Então, não podemos negar o óbvio. Mas eu, como administrador do estado na igreja, não posso ser leviano em adotar condutas que eu não possa provar”, disse.
A reportagem da TV Gazeta, afiliada da Globo no estado, questionou se os suspeitos de orquestrarem os desvios eram realmente culpados, e o pastor Costa afirmou que esse não é o seu papel: “Minha atribuição não é julgar o que se deu, mas administrar o que se tem. Eu não farei qualquer juízo de valor sobre aquilo que já está ajuizado, até porque não tenho a capacidade de intervir dentro do Poder Judiciário. A minha função é de auxiliar a Justiça na administração dos bens financeiros e materiais da igreja”, ressaltou.
As atividades de interventor o obrigam, segundo ele próprio, a observar a questão sob a perspectiva da Justiça, e não da denominação: “Seria muito ingênua minha percepção se estivesse brincando com algo tão sério. O que fizemos na Polícia Militar vamos fazer na Igreja Cristã Maranata, se for preciso. Mas sempre com muita responsabilidade, coragem e disposição. Eu sou um funcionário do Tribunal de Justiça, nesse momento, e não um pastor”, disse ele, lembrando que a nomeação não o priva do ministério pastoral: “Eu não estou proibido de pregar. Mas não vou me abster de pregar na igreja onde eu pastoreio. Minha função passa a ser só de pregador e não mais de doutrinador”, pontuou.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+