Os conflitos motivados pelo radicalismo religioso atingem diferentes povos, nações e religiões. Apesar de serem conhecidos mundialmente, também, pela associação ao terrorismo de grupos como o Estado Islâmico, os muçulmanos também sofrem com a generalização da violência, até mesmo quando ela é promovida por “milícias cristãs”.
Uma situação peculiar, por exemplo, está ocorrendo em Bangui, a capital e maior cidade da República Centro-Africana. Nela há uma uma igreja católica na cidade Bangassou, localizada no sul do país, onde vários muçulmanos da região estão abrigados.
O motivo é porque existe uma guerra civil entre cristãos e muçulmanos no Sudeste do país, há cerca de cinco anos. Por conta disso, um movimento cristão autointitulado “Grupo de Defesa da Igreja” tem reivindicado o direito de revidar os ataques promovidos pela minoria muçulmana, alegando proteção.
Se trata, portanto, de uma milícia formada por cristãos. “Vingaremos os assassinatos de muitos líderes da igreja e homens de Deus, mortos no exercício de suas funções”, declarou François Nzapakéyé, considerado o líder do grupo.
François citou o assassinato do padre Paul Emile Nzalé como exemplo, para fundamentar a reação dos cristãos, tentando justificar o contra-ataque. “É a guerra que eles mesmos começaram”, disse o líder. “Eles não devem ser protegidos por ninguém, incluindo os líderes da igreja, porque eles estão matando nosso povo”.
A posição dos líderes da Igreja São Pedro Claver, no entanto, contraria a reação do grupo, que é motivado pelo sentimento de vingança. O líder da catedral enxerga os muçulmanos inocentes, procurando acolhê-los com base no amor de Cristo, não revidando o mal com o mal, mas sim com o bem.
“Há homens armados aqui esperando que os muçulmanos saiam para que possam matá-los”, disse o padre Yovane Cox, líder da igreja, segundo o Religion News. “Precisamos ajudá-los o mais rápido possível para evitar confrontos e banho de sangue”.
O padre e sua congregação é acusado de traição pela milícia cristã, mas eles acreditam que estão fazendo o mesmo que Jesus Cristo faria se estivesse no lugar deles, pois dessa forma eles testemunham a misericórdia, o perdão e a Graça de Deus não apenas para os muçulmanos acolhidos, mas também para os que promovem a guerra.