Visando facilitar a ressocialização dos presidiários, tanto em cadeias masculinas e femininas, o Governo do Rio de Janeiro autorizou a Igreja Universal do Reino de Deus a erguer templos ecumênicos em presídios do Estado. A iniciativa, apesar de positiva no âmbito social, pode gerar críticas de alguns setores, devido o caráter religioso vinculado ao poder público.
A abordagem ecumênica da Igreja Universal vem sendo evidenciada desde a construção do Templo de Salomão, onde através de um discurso abrangente, que evita tocar em questões doutrinárias divergentes entre as religiões, os líderes da Universal convidam todas as pessoas, incluindo de outras religiões, para participar das cerimônias religiosas no templo, aparentemente, voltadas também para tais pessoas.
Com a proposta de construir um templo em 43 unidades prisionais do Rio de Janeiro, a Igreja Universal amplia não apenas sua representação no Estado, como o próprio discurso inter-religioso que vem sendo pregado nas suas unidades. Na última terça, já foram abertos dois templos, um na Cadeia Pública Joaquim Ferreira e o outro no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho, ambos no Complexo de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio, segundo informações do jornal EXTRA.
Pela preservação do Estado laico
Para que não se configure violação à laicidade do Estado, a prefeitura do Rio garantiu que nenhum recurso público será investido na construção dos templos. Além disso, os templos serão lugares “onde poderão acontecer cultos de outras igrejas evangélicas, católicas ou espiritualistas”, mesmo sendo financiados 100% pela Igreja Universal, diz a matéria.
Nesse caso, apesar dos templos serem construídos em cadeias públicas, a expressão de fé diz respeito ao direito de cada presidiário de querer participar, ou não, das cerimônias religiosas, feitas pela Igreja Universal ou por outras denominações e religiões. Quem fica responsável pela liberação de utilização dos templos é o diretor de cada unidade carcerária, e não os líderes da igreja.
Melhoria da ressocialização dos presidiários
A presença de grupos religiosos dentro dos presídios, em especial os cristãos evangélicos, tem sido um fator decisivo para a mudança de vida de muitos presidiários. Através da fé em Deus, muitos reencontram o significado de suas vidas, decidindo abandonar a prática do crime, assim como o uso de drogas, passando a encontrar apoio e referência na sociedade através das igrejas onde são acolhidos.
Com essa iniciativa, a Igreja Universal, independente de questões teológicas, certamente contribui para a melhoria da ressocialização dos presidiários em um sistema carcerário precário, que ficou mundialmente conhecido recentemente após uma onda de rebeliões e massacres em massa.
Nos resta aguardar e torcer por bons resultados.