O juiz Glaucio Roberto Brittes de Araujo, da 9ª Vara Criminal de São Paulo, determinou segredo de Justiça na ação penal contra Edir Macedo, líder e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, e mais nove pessoas por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
O processo foi aberto em 10 de agosto. Segundo a denúncia do Ministério Público estadual de São Paulo, todos desviaram dinheiro de doações de fiéis da Igreja Universal para fins pessoais e comerciais.
Doações não são ilegais, mas, para o MP, o grupo se beneficiava da imunidade tributária da igreja, que não paga impostos, para investir o dinheiro em outras atividades.
Com a decretação do segredo de Justiça, apenas os advogados dos réus terão acesso aos autos.
A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo não informou quando o sigilo foi decretado. Na quinta (20), a reportagem do G1 conseguiu acessar normalmente o processo e na manhã desta sexta, o acesso estava proibido.
Na quarta (19), último andamento processual a que a reportagem teve acesso, o juiz havia mandado notificar cinco dos acusados no processo. Após recebimento do ofício, eles terão dez dias para apresentar defesa prévia por escrito.
Os mandados de notificação haviam sido expedidos para Alba Maria da Costa, Edilson da Conceição Gonzales, João Luis Dutra Leite, Maurício Albuquerque e Silva e Veríssimo de Jesus. O TJ havia informado que Edir Macedo e os outros quatro réus seriam notificados nos próximos dias.
Entenda o caso
De acordo com o MP, os acusados integram um grupo que supostamente remetia os recursos oriundos de doações dos fiéis da igreja para duas empresas: a Unimetro Empreendimentos S/A e a Cremo Empreendimentos S/A.
Segundo os promotores, são empresas de fachada, pertencentes aos denunciados e instaladas em um mesmo endereço.
Segundo comunicado divulgado pelo Ministério Público, “para os promotores, ficou comprovado que o dinheiro das doações, em vez de ser utilizado para a manutenção dos cultos, era desviado para atender a interesses particulares dos denunciados”.
Para o MP, a Cremo e a Unimetro “remetiam esses recursos para empresas localizadas em paraísos fiscais”. Segundo o MP, “o esquema garantia que o dinheiro retornasse ao Brasil em forma de contratos de mútuo celebrados com intermediários que fazem parte do grupo acusado, e fosse utilizado na compra de empresas de comunicação”.
Em 2004 e 2005, de acordo com o MP, as duas empresas “foram responsáveis pela movimentação, ocultação e dissimulação de mais de R$ 71 milhões”.
O Ministério Público diz que, há dez anos, o grupo utiliza a Igreja Universal para a prática de fraudes. O MP estima que a Igreja Universal movimente cerca de R$ 1,4 bilhão por ano no Brasil como resultado de doações de fiéis.
Fonte: G1 / Gospel+