Ao contrário das outras igrejas, a Igreja Universal do Reino de Deus nunca condenou o uso de camisinha. Mas em Moçambique, a Universal deu um passo à frente e está incentivando o uso e distribuindo camisinhas para a população. Seus obreiros podem ser vistos distribuindo camisinhas nas ruas na cidade portuária de Beira, a segunda maior de Moçambique, nos finais de semana.
Os obreiros se revezam em locais populares entre prostitutas, caminhoneiros, pescadores e crianças de rua, onde distribuem os preservativos, colam cartazes de prevenção do HIV e falam com o povo sobre discriminação, testes e adesão a tratamento antiretroviral.
Controvertida, a igreja pentecostal de origem brasileira está presente em mais de 170 países e é dona de uma das maiores rede de TV do Brasil, a Record. A igreja, que tem forte presença na África, responde a processos na justiça brasileira, onde é acusada de estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Aborto e Bíblia
Em 2007, o bispo Macedo, fundador da igreja, se declarou a favor do aborto. Agora, pelo menos em Moçambique, sua igreja apóia abertamento o uso de preservativos: “Quem condena o uso de preservativo não é um cristão, mas sim um religioso que não tem consciência do que a AIDS está causando nas famílias ”, disse Mussate Mateus, diretor da Associação Benificiente Cristã (ABC), uma instituição de caridade ligada à igreja Universal.
Mateus foi além: “ Um pastor religioso lê a biblia como fosse um manual profissional, obrigando os fiéis a praticarem o que ele diz”.
Uma mudança drástica de posição comparada à declaração do pastor Pedro Garcia, da Universal em Maputo, ao PlusNews em Setembro de 2007, de que a igreja não incentivava e nem condenava o uso de preservativos: “Só achamos que a fidelidade e a abstinência são mais eficazes”.
Na época, o trabalho de prevenção de HIV da Universal e de outras igrejas evangélicas era financiado pela USAID, a agência de ajuda humanitária e desenvolvimento dos Estados Unidos, dentro de um projeto que estimula abstinência e fidelidade. O projeto ABY (abstinência, fidelidade e juventude, em inglês), que financia ações de várias entidadades religiosas, será descontinuado este ano, de acordo com a representação da USAID em Moçambique.
Beira, na Baía de Sofala, é o maior porto do país e integra as principais rotas de navegação do oceano Índico. A cidade também abriga o maior aeroporto de Moçambique e recebe um grande número de caminhoneiros e turistas. Ela é a mais afetada pela AIDS na província de Sofala: com uma população estimada em pouco mais de 432 mil habitantes, a cidade tem uma soroprevalência de 35 por cento, superior à média provincial de 21 por cento – que por sua vez está muito acima da prevalência oficial nacional de 16 por cento.
Neste cenário propício à propagação de doenças sexualmente transmissíveis, a ABC organiza marchas de conscientização sobre o HIV dentro da campanha “Moçambique sem HIV/SIDA”. Além do foco na discriminação, as marchas têm como objetivo sensibilizar populações de risco, como a de pessoas que vivem nas ruas.
Nos cultos anteriores às marchas, os pastores da Universal têm falado sobre o HIV. O trabalho foi iniciado dentro do programa da USAID com igrejas evangélicas e inclui ainda a distribuição de cestas básicas a soropositivos.
Fonte: Plus News / Gospel+
Via: O Verbo