Um ex-executivo do Google afirmou que o desenvolvimento irresponsável de tecnologias de inteligência artificial pode ser voltar contra a humanidade, e alertou que um “deus” impiedoso pode surgir da ambição de empresas big techs.
Mo Gawdat, que foi líder da divisão de inteligência artificial (IA) do Google, concedeu uma entrevista recente e falou que está assustado com as criações da empresa nesse campo de pesquisa.
Sem meias palavras, o antigo executivo afirmou que o Google tem uma área com diversos projetos de IA, e que ele percebeu que as coisas podem fugir ao controle quando observou um projeto específico sobre braços robóticos.
Durante os testes, um dos braços tinha como objetivo encontrar e agarrar uma bola, e que em determinado momento, um dos protótipos não apenas agarrou a bola, mas a segurou, permitindo aos pesquisadores entenderem que o braço robótico “estava se exibindo” para seus criadores.
“Foi aí que percebi o quão assustador isso é”, disse Gawdat ao portal The Times. Ele deixou o Google em 2017, quando perdeu seu filho de 21 anos enquanto durante um procedimento cirúrgico comum.
Atualmente, ele trabalha como empreendedor digital e também divulga seu livro, A Fórmula da Felicidade, editado no Brasil pela Leya, onde relata sua jornada de luto após a perda do filho.
Na entrevista, o ex-executivo do Google afirma que a humanidade está cada vez mais próxima de uma “inteligência artificial geral”, uma IA que seja capaz de aprender tudo e aplicar esse conhecimento acumulado de forma que coloque a humanidade em risco.
“A realidade dos fatos é: nós estamos criando deus”, afirmou, enfaticamente.
Essa percepção é compartilhada por outros especialistas em tecnologia: a Microsoft é uma empresa big tech que, frequentemente, cobra das autoridades governamentais de diversos países a criação de leis e regulamentações que restrinjam os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de IA.
Outro que teme a extensão e riscos de uma IA abrangente é Elon Musk, fundador das empresas SpaceX, Tesla, Boring Company e Neuralink, que entende que sem as restrições e penalidades adequadas, é possível que as pesquisas terminem por desenvolver uma tecnologia rebelde e inimiga da humanidade.