Janaína Paschoal (PRTB-SP) fez um discurso sugerindo que a primeira-dama Michelle Bolsonaro estaria plantando “a semente da divisão religiosa” no Brasil por suas publicações reprovando a relação de proximidade que o ex-presidente Lula (PT) mantém com religiões africanas.
Em um discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo, a deputada estadual e pré-candidata ao Senado se dirigiu à primeira-dama dizendo que a questão religiosa não deveria ser levada ao debate nas eleições.
O contexto de sua declaração envolve o Stories que Michelle Bolsonaro compartilhou, de uma publicação da vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos-SP), afirmando que Lula “já entregou sua alma para vencer essa eleição” ao participar de rituais de umbanda.
“Eu peço cautela à nossa primeira-dama. Que não plante no meu país a semente da divisão religiosa”, disse a deputada, aparentemente segurando o choro.
“Não tem nada pior do que isso. Nós somos um povo de evangélicos, católicos, espíritas, umbandistas, candomblecistas, muçulmanos, judeus, budistas e de hinduístas. E eu quero que todos sejam respeitados. Eu peço encarecidamente. Eu não vim brigar, eu vim clamar pela paz no nosso país”, acrescentou Janaína Paschoal.
O discurso choroso, embora sem lágrimas, foi considerado teatral: “Dessa vez ela ganha o Troféu Imprensa como melhor atriz!”, criticou o vereador Paulo Chuchu, de São Bernardo do Campo.
“Eu fiquei sem entender se a Janaína Paschoal estava chorando por histeria ou pelos direitos dos satanistas”, ironizou outro usuário do Twitter.
Incoerências
A psicóloga Marisa Lobo (PTB-PR), pré-candidata a deputada federal, criticou as declarações de Janaína Paschoal, que chegou a contar com uma articulação entre lideranças evangélicas para receber apoio à sua candidatura ao Senado.
Sobre a acusação de que Michelle Bolsonaro estaria semeando segregacionismo religioso no Brasil, a psicóloga questionou: “Onde, como e quando a primeira-dama fez ou falou qualquer coisa neste sentido? De onde Janaína tirou isso? […] Existe algum Projeto de Lei neste sentido? Alguma ação oficial do Presidente da República com o objetivo de favorecer uma religião, em detrimento das outras?”.
Em seu artigo para o Gospel+, Marisa Lobo apontou que “o que existe são manifestações de fé da primeira-dama, e isto demonstra que Janaína está se baseando na expressão religiosa da esposa do presidente para acusá-la ‘respeitosamente’, pasmem… de causar ‘divisão religiosa’ no país!”.
“Michelle Bolsonaro tem plena liberdade de manifestar a sua fé onde quer que esteja, porque ela é uma cidadã e não o Estado! As palavras da primeira-dama, por mais influente que ela seja devido ao título que possui, não são diretrizes governamentais, mas algo pessoal e amparado também pela Constituição”, argumentou Marisa Lobo.
“Em outras palavras, não é porque Michelle Bolsonaro ocupa o posto de primeira-dama do Brasil que ela possui menos direitos no tocante à manifestação da sua fé”, finalizou.
Dessa vez ela ganha o TROFÉU IMPRENSA como melhor atriz ! pic.twitter.com/4PNbEe3luS
— PAULO CHUCHU (@PauloChuchuSBC) August 10, 2022