A disputa por uma vaga no Senado Federal, em São Paulo, tem sido alvo de muita especulação e divergências no tocante à direita, o que envolve evangélicos e bolsonaristas em geral. Diante disso, o pastor Silas Malafaia parece querer buscar uma solução.
O conflito diz respeito ao nome apoiado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que antes havia indicado o apresentador José Luiz Datena, mas que agora apoia o ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, mais conhecido com o “Astronauta”.
No meio desse imbróglio está a deputada estadual Janaína Paschoal (PRTB), que apesar de não ter tido qualquer sinalização de apoio por parte de Bolsonaro, é considerada por muitos da direita, inclusive bolsonarista, uma opção viável para o Senado.
A advogada ganhou popularidade nacional durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016, quando atuou de forma decisiva em defesa da derrubada do governo petista.
Em 2018 Janaína foi eleita deputada estadual por São Paulo, com um número recorde de votos, e chegou a ser cogitada como candidata à vice-Presidência na chapa de Bolsonaro, mas o projeto não teve continuidade.
Insatisfação
No começo da pandemia, em 2020, Janaína Paschoal fez críticas a Jair Bolsonaro devido à condução da crise sanitária. À época, ela chegou a pedir o impeachment do presidente, o que acabou lhe afastando dos bolsonaristas mais viscerais.
Por outro lado, Janaína se manteve crítica às pautas da esquerda, inclusive em relação à atuação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), chegando a defender a abertura do processo de impeachment contra alguns, no Senado.
Ao mesmo tempo, a advogada também passou a demonstrar maior concordância com o governo no tocante a questões como a liberdade de escolha sobre vacinação, sendo contra o chamado “passaporte vacinal”.
Apoio evangélico
Com o cenário incerto em relação ao nome para o Senado por São Paulo, o pastor Silas Malafaia parece ter resolvido entrar em campo para decidir o jogo, ao menos no que envolve o apoio dos evangélicos.
Segundo informações do jornalista Guilherme Amado, Janaína Paschoal recebeu uma ligação do pastor no último domingo (24), o que foi confirmado por ela. A iniciativa foi intermediada pelo presidente da Frente Evangélica na Câmara.
“Deputado Sóstenes Cavalcante me telefonou ontem (domingo) à noite, eu atendi e ele passou o telefone ao pastor. Conversamos sobre ideias comuns. Ele me fez algumas perguntas, eu respondi, evidenciando que defendo as pautas que defendo há anos.”, disse Janaína.
Segundo o Metrópoles, a avaliação é a de que Marcos Pontes não conseguirá vencer a disputa para o Senado. Neste caso, como Janaína defende pautas conservadoras e já possui parte do eleitorado, seria mais coerente lhe apoiar do que apostar em uma possibilidade remota.
Ao falar sobre o caso, Sóstenes Cavalvante também teria criticado o ex-ministro Tarcísio de Freitas, atual candidato ao governo de SP com o apoio de Bolsonaro, pela preferência por Pontes, em vez de um nome evangélico, como o do deputado federal Marco Feliciano (PL-RJ).
“Estou achando que o Tarcísio não está querendo evangélicos por perto de sua campanha. Inacreditável preferir um candidato ao Senado que não tem votos nem pra ganhar como deputado federal”, disse Sóstenes, segundo o Metrópoles.
Ao que tudo indica, o possível apoio evangélico à Janaína Paschoal, encabeçado por Malafaia, também poderá ser uma reação da Frente Evangélica ao presidente da República, em resposta à falta de apoio ao nome de Marco Feliciano para o Senado.
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