O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), fez uma visita à sede da Igreja Mundial do Poder de Deus na última semana e contou seu testemunho de vida aos fiéis. Recebido pelo líder da denominação, Valdemiro Santiago, Doria explicou também algumas das ações sociais que a prefeitura vem realizando no começo de sua gestão.
Valdemiro recebeu Doria e, de cara, fez um elogio à postura do prefeito: “Eu falei pro povo o seguinte: a maioria dos políticos que eu conheci na história só vai à igreja dias antes das eleições e depois nunca mais volta. O senhor não veio antes das eleições, e veio depois. Então, hoje eu quero tirar o chapéu pro senhor […] Se eu fosse político, ia agir igual o senhor está agindo. Parabéns!”, afirmou.
Pesquisas de opinião feitas sobre o início do mandato de João Doria apontam que o prefeito recebe aprovação de 77% da população, de acordo com informações do Último Segundo.
Ciente da receptividade do paulistano, Doria cumprimentou o público manifestado satisfação: “Que alegria estar aqui com vocês nessa noite. Tanta gente com sorriso nos olhos, alma limpa, coração também pulsando, com a palavra do apóstolo. É sempre muito bom reunir as pessoas, falar com as pessoas. E é sempre muito bom tratar bem as pessoas. Essa é a principal razão que me motivou a ser candidato, disputar eleição e estar aqui hoje, com vocês, como prefeito de São Paulo”.
Testemunho
Aproveitando o espaço aberto por Valdemiro para que deixasse uma mensagem aos fiéis da Mundial, Doria contou seu testemunho de vida, sua trajetória da pobreza ao sucesso profissional e os detalhes que o motivaram a ser candidato. “O amor move as pessoas, o amor salva as pessoas. Eu tive uma vida difícil. Meu pai, vindo da Bahia, imigrante, pobre, veio para São Paulo lutou muito, teve sucesso, se tornou empresário, ganhou dinheiro, constituiu uma família, e a convite do então deputado estadual André Franco Montoro – que depois se tornou governador desse estado – resolveu ir para a política. Foi deputado federal pela sua terra, Bahia, em 1962. Em 1964 foi cassado pelo golpe militar. Eu tinha 7 anos de idade. Fomos para o exílio, ficamos 10 anos longe do Brasil, e na volta, não tínhamos mais patrimônio, nem casa, nem carro, nada. Perdemos tudo. Meu pai pôde oferecer a mim e ao meu irmão o que de melhor um pai pode oferecer a seus filhos. Não é dinheiro, não é casa, não é carro, não é propriedade. Tudo isso gera conforto, é bom. Mas o que de melhor um pai, uma mãe, pode oferecer a um filho é caráter. É seu exemplo de vida, é sua honestidade, a sua decência. Este exemplo eu tive dos meus pais”, contou.
O resultado do exílio da família Doria foi um retorno ao Brasil em dificuldades: “Comecei a trabalhar aos 13 anos – porque precisava – para ajudar a minha mãe. Meu pai, ainda ausente no exterior, no exílio. Se voltasse, seria preso. Comecei com um trabalho simples, humilde, numa agência de publicidade. Ganhava um salário mínimo, e se trabalhasse na hora do almoço, tinha um suco e um sanduíche, e quatro passes da CMTC [antiga Companhia Municipal de Transporte Coletivo], porque não tinha vale-transporte naquela época. Para quem não tinha nada, um sanduíche, um suco, o salário mínimo e quatro passes de ônibus era muito. Ao longo da minha vida aprendi que o trabalho constrói. O trabalho honesto constrói. Eu fui passo a passo, construindo a minha vida com trabalho, com dedicação, cada vez trabalhando mais. Alcancei o sucesso, me tornei empresário, constituí família, tenho três filhos que eu amo, uma mulher num casamento de 24 anos”, resumiu.
A candidatura foi um desafio, em todos os sentidos, segundo o prefeito: “Tomei a decisão de vir para a vida pública, apóstolo, disputar uma eleição no meu partido, PSDB, do seu amigo, Geraldo Alckmin. Eu era o azarão da campanha. ‘Esse aí não vai dar pra nada. Não é político, não tem vida dentro do partido, jovem, empresário. Não vai nem dar pro cheiro’. Pois muito bem. Tomando exatamente as lições de sofrimento da minha mãe, do meu pai, e as minhas próprias lições ao longo da vida, fui para a campanha e fiz aquilo que tinha que fazer. Durante aquela campanha fiz 223 visitas à periferia de São Paulo. Fui conversar com o povo, povo simples, humilde, da zona leste, zona sul, noroeste, norte. E o que aconteceu naquela campanha? Fizemos assim [gesticulando para cima]”.
“Ganhamos as prévias do PSDB. Começamos a campanha para a prefeitura de São Paulo. Igualzinho. Da mesma forma. ‘Não vai dar nem pro cheiro, imagina. Vai disputar eleição com o prefeito de São Paulo, com duas ex-prefeitas da cidade [Marta Suplicy, senadora, e Luiza Erundina, deputada], com um jovem que está na televisão, [Celso] Russomano [deputado federal] – que aliás é meu amigo – e com outros bons candidatos, não vai dar nem para páreo nenhum’. Começamos com 2% na campanha. Mas a minha fé, minha confiança, a luz lá de cima, que sempre me iluminou, me dizia e me inspirava […] É isso mesmo. É a grande lição de Deus: nunca perca a esperança. Nunca perca a esperança. E eu não perdi. Fui trabalhar, conversar, ir ao encontro do povo, gente simples, humilde. Acordando cedo, dormindo tarde, como sempre fiz em toda a minha vida. Os 2% foram para 4, 5, 7, 9, 11, 15, 17, 19, 22, 25, 31, 34, 38, 40, 44, 47, 49, 52%. Ganhamos as eleições no primeiro turno, pela primeira vez em São Paulo em 26 anos”, relembrou.
O compromisso, segundo João Doria, continua valendo e vai exigir muito trabalho: “A esperança venceu. Mas não basta ter ganho a eleição. Não basta ter conquistado a missão de ser prefeito de São Paulo. Eu, a partir de agora – estamos comemorando exatamente 40 dias como prefeito. O trabalho é coletivo, é como a família, é um conjunto de pessoas, não é uma pessoa. Um governo também é um conjunto de pessoas. Pois eu tenho a missão e a responsabilidade de uma cidade, como disse o apóstolo, de 12 milhões de brasileiros. A maior cidade do Brasil, da América Latina, terceira maior capital do mundo. E o que eu tenho feito? Acordado cedo, trabalhado muito, ido ao encontro dos problemas da cidade, conversando com as pessoas, agindo, principalmente para os mais humildes e os mais pobres. Lançamos no dia 10 de janeiro o Corujão da Saúde, porque eu vi durante a campanha o sofrimento do povo de São Paulo esperando em filas 10, 12, 15, 16, 18 meses, um ano e meio para fazer um exame”, lamentou.
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Foco no social
“Quem precisa de exame, precisa porque é urgente […] Começamos o Corujão da Saúde com gestão. Eu respeito os políticos. Sou filho de um. Mas eu não sou político. Eu sou um gestor, um administrador. E eu verifiquei que os hospitais privados, os hospitais dos ricos – onde quem tem dinheiro pode ter seu exame médico porque paga seguro-saúde, mas o povo humilde, simples, não. Colocamos 44 hospitais privados dentro do Corujão da Saúde, sem pagar um centavo a mais do que aquilo que a prefeitura já pagaria para fazer os exames nos hospitais públicos municipais. E o que aconteceu? Estou alegre, feliz, hoje, porque completamos 30 dias”, afirmou.
“Sabe quantos brasileiros já receberam exames médicos de qualidade nos hospitais dos ricos? Albert Einstein, Sírio-Libanês, HCor, Beneficência Portuguesa, Hospital Oswaldo Cruz, os melhores hospitais de São Paulo. Hoje, a população humilde, pobre, pode frequentar para fazer seus exames. Comemoramos 152 mil exames realizados nesses hospitais. Tirando 152 mil pessoas da fila da saúde”, explicou.
“E lá atrás, os que às vezes o criticam também, me criticavam. Programa não vai dar certo, conversa de campanha, promessa que não vai ser cumprida. Em 30 dias, já reduzimos a fila de 476 mil pessoas. Agora são menos 150 mil. Eu garanto que em três meses nós teremos zerado o déficit das pessoas esperando na fila por exames na cidade de São Paulo. E não é compromisso de campanha, é realidade de ação”, garantiu.
Oração
Ao final, João Doria pediu uma oração aos milhares de fiéis presentes no culto, para que as ideias propostas durante a campanha possam ser concretizadas, e que o povo tenha a vida melhorada: “Eu tenho um pedido só: eu queria peedir uma oração. Uma oração para a cidade de São Paulo, pro o povo de São Paulo, sobretudo o povo mais sofrido da nossa cidade”.
Valdemiro
“O senhor não se apresentou como político. E realmente, ele é empresário, é o gestor. É o que o Brasil e o mundo precisam. É claro, a política é necessária, é bíblico, inclusive. A política não tem nada a ver com os deslizes e a falta de responsabilidade de alguns políticos. Não. Seria a mesma coisa que responsabilizar a Igreja de Jesus pela falta de responsabilidade de alguns líderes religiosos. Não tem nada a ver”, pontuou o líder da Igreja Mundial do Poder de Deus.
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