Confundir a missão da Igreja de Cristo com a de organizações filantrópicas, ou mesmo com ideologias típicas de movimentos sociais e até de partidos políticos, se tornou algo cada vez mais observado no meio religioso. Na contramão disso, Mez McConnell, pastor sênior da Niddrie Community Church, Edimburgo, Escócia e que já atuou no Brasil, falou sobre alguns desses erros e como é importante voltarmos à pregar o verdadeiro evangelho.
McConnell já morou nas ruas e conhece bem o significado de justiça social. Desde 1999 ele trabalha implantando igrejas em lugares difíceis e sabe diferenciar a responsabilidade que temos ao auxiliar pessoas e a própria sociedade no âmbito político, mas principalmente no espiritual. Segundo ele, muitos não aprendem isso:
“Entre o tempo em que plantei igrejas no Brasil e meu trabalho agora em Edimburgo, em um dos conjuntos habitacionais mais carentes da Escócia, recebi inúmeros grupos missionários temporários. E, ao mesmo tempo que recebia com alegria a ajuda deles, percebi ao longo dos anos que vários desses grupos chegavam sem qualquer entendimento a respeito da mensagem do evangelho”, disse ele.
Para McConnell, uma pregação que não proclama a verdadeira origem das injustiças sociais e a necessidade humana de arrependimento para reconciliação com Deus, através de Jesus Cristo, é o mesmo que tomar “um remédio fora da validade”, diz ele. “Não cura”:
“O evangelho abrange tudo a respeito da vida, tanto esta vida presente quanto a vida futura. Muitos dos jovens que desejam servir em períodos curtos em comunidades carentes da Escócia estão empolgados pelos pobres e apaixonados pela ideia de ser missionários e de ‘romper barreiras’. Mas, infelizmente, eles colocam a ênfase no lugar errado”, explica.
A ênfase do evangelho de Cristo não é a justiça social, mas a reconciliação com Deus
Com base nisso, ele afirma que colocar “reconciliação racial, justiça social, ou na renovação da cultura” na frente do evangelho é um erro, visto que a mudança pretendida por Deus para a vida humana é, primeiramente, espiritual.
“A mensagem do evangelho não se resume apenas ao amor de Cristo ou ao desejo de Deus de tirar você das dificuldades nas quais você se encontra. A maior necessidade nos conjuntos habitacionais não é a mudança social ou econômica”, diz ele. “O maior problema deles é o fato das pessoas estarem alienadas de um Deus santo porque o fedor dos pecados delas ofende a Deus”.
“Essas pessoas precisam de um Senhor e Salvador real que morreu e ressuscitou por elas para que pudesse remover todo o seu pecado e substituir seu coração endurecido e idólatra por um coração de carne. Qualquer outra mensagem é incapaz de começar a ajudar”, acrescenta.
O pastor McConnell deixa claro que não é contra o auxílio material e a participação da igreja em questões que visam promover a justiça social. Todavia, essa não é a prioridade da igreja e a mensagem do evangelho. Na verdade, são apenas frutos de uma vida espiritualmente transformada. Nosso maior dever é anunciar “a realidade e a seriedade do inferno, independentemente do que possam pensar a nosso respeito”, afirma.
“Sendo claro, não somos contra ajudar as pessoas com seus problemas físicos diários. Há situações em que seria positivamente ruim para uma igreja não ajudar alguém com necessidades físicas. Mas é necessário priorizar a mensagem do evangelho; ele vem primeiro. Pobreza, violência e injustiça são problemas reais num nível pessoal e social. Mas são sintomas da doença espiritual que carregamos conosco”, finaliza. Com informações: Guiame.