Cristãos de diferentes tradições teológicas resolveram se unir contra a tramitação de um projeto de lei que visa legalizar o chamado “suicídio assistido” na Inglaterra, algo que, infelizmente, vem sendo debatido com maior frequência em alguns países.
Diferentemente da eutanásia, quando uma equipe médica administra a medicação letal na pessoa que decide morrer, no suicídio assistido é o próprio indivíduo que recebe a autorização de um médico para administrar em si mesmo a droga que lhe causará a morte.
Segundo o Christian Today, 29 líderes cristãos, então, resolveram assinar um documento comum apresentando razões pelas quais essa prática não deve ser autorizada. Dentre os nomes estão:
O bispo de Londres e ex-chefe de enfermagem, Dame Sarah Mullally, chefe da Igreja Católica na Inglaterra e no País de Gales, o Cardeal Vincent Nichols, o arcebispo copta ortodoxo de Londres, o arcebispo Angaelos, o chefe da Aliança Evangélica Gavin Calver, o CEO da CARE, Ross Hendry, e o rabino chefe, Sir Ephraim Mirvis.
Um dos argumentos apresentados por eles envolve a possibilidade de pessoas optarem pelo suicídio assistido por sofrerem pressão emocional e abuso psicológico, sendo isso o resultado não de uma escolha pessoal, em si, nas o fruto de uma condição de vulnerabilidade.
“Se a lei mudasse, veríamos pessoas com doença terminal sentindo que deveriam aceitar o suicídio assistido porque (como tem sido o caso de mais de 47% daqueles que buscam o suicídio assistido em Oregon e mais de 59% no Estado de Washington) eles sentiriam que eram um fardo para amigos e familiares”, diz o documento.
Função e assistência
Alguns dos argumentos incluem a natureza da função religiosa. Neste caso, os líderes cristãos disseram que não podem concordar com a morte consentida porque isso contraria a vocação sacerdotal.
“Parte do papel dos líderes de fé nas comunidades é fornecer cuidados espirituais e pastorais para os doentes e para os moribundos. Nós seguramos as mãos dos entes queridos em seus últimos dias, oramos com as famílias antes e depois da morte. É a essa vocação que fomos chamados, e é a partir dessa vocação que escrevemos”, dizem os líderes.
Por fim, outro forte argumento contra o suicídio assistido diz respeito à oferta de cuidados paliativos de qualidade. Eles sugerem que, na prática, pessoas podem querer optar por essa prática por temerem o sofrimento em vida, mas pela falta de suporte adequado, seja emocional ou físico.