As ruínas de um templo antigo estão sendo analisadas como evidências de um dos locais que guardaram a Arca da Aliança no passado, há aproximadamente 3.100 anos. O sítio arqueológico em questão fica numa colina a 20 quilômetros de Jerusalém.
As evidências de que a Arca da Aliança foi guardada no templo de Bete-Semes, em Israel, são apontadas pela equipe de pesquisadores da Universidade de Tel-Aviv, que trabalha no sítio arqueológico desde 2012 e recentemente descobriu uma mesa de pedra, com formato côncavo.
Os pesquisadores entendem que essa mesa de pedra se encaixa com a descrição do Antigo Testamento para uma edificação que recebeu a Arca. O templo tinha formato quadrado perfeito, com paredes de 8,5 metros de comprimento e os cantos direcionados para os pontos cardeais. No local, duas grandes pedras côncavas com calhas, indicam que o local era usado para sacrifícios, já que também foram encontrados ossos de animais e uma vasta gama de cerâmicas.
“Há muitas evidências de que este era realmente um templo”, afirmou o professor Shlomo Bunimovitz, da Universidade de Tel Aviv. “Quando você olha para a estrutura e seu conteúdo, fica muito claro que esse não é um espaço doméstico padrão, mas algo especial”, acrescentou, de acordo com informações do jornal Jerusalem Post.
O líder da escavação, Zvi Lederman, destaca que a enorme laje de pedra alocada sobre duas rochas menores, exigiu um trabalho mais apurado dos pesquisadores: “No começo, pensávamos que era uma massebah (pilar sagrado) que havia caído. Mas logo percebemos que era para ser uma mesa”.
Os especialistas veem a descoberta como significativa pois traz evidências físicas do período da “grande pedra”, quando a Arca da Aliança teria sido depositada em Bete-Semes após ser devolvida pelos filisteus, segundo relata o livro de Samuel.
“Ora, o povo de Bete-Semes estava colhendo trigo no vale e, quando olharam e viram a arca, alegraram-se muito. A carroça chegou ao campo de Josué, de Bete-Semes, e ali parou ao lado de uma grande rocha. Então cortaram a madeira da carroça e ofereceram as vacas como holocausto ao Senhor. Os levitas tinham descido a arca do Senhor e a caixa com os objetos de ouro e colocado sobre a grande rocha. Naquele dia, o povo de Bete-Semes ofereceu holocaustos e sacrifícios ao Senhor” –I Samuel 13-15
Lederman, porém, adota postura cautelosa. Com todos os indícios, não há meios de comprovar que a pedra encontrada seja a rocha descrita na Bíblia Sagrada, já que a descoberta arqueológica, nesse caso, não é garantia de que o templo corresponde aos fatos narrados no Antigo Testamento.
Bunimovitz diz também que detalhes divergentes entre a descoberta e a narrativa bíblica exigem essa postura cautelosa, e cita como exemplo o fato de que a pedra descoberta estava em um campo abaixo da cidade, não em um templo em uma colina: “Não é fácil descompactar todas as reviravoltas da história que acabaram na Bíblia e descobrir o que as pessoas se lembram, o que era histórico e o que foi adicionado mais tarde”, disse o professor.
Outros pesquisadores mantém a possibilidade como real, como o professor Avraham Faust, docente de arqueologia da Universidade de Bar-Ilan. Ele observa que houve uma tendência no passado de encaixar achados arqueológicos na narrativa bíblica, o que provocou uma tendência inversa, que descarta de imediato os vínculos bíblicos.
“É uma suspeita automática e às vezes justificada, mas não acho que seja esse o caso aqui”, disse Faust. “Esta é uma pedra perceptível, colocada em uma posição visível dentro do que parece um templo. Então existem muitos pontos que podem conectar essa descoberta a uma antiga tradição que pode ter entrado na história bíblica. Não sei se eles estão certos ou errados, mas acho que deve ser examinado com cuidado”, concluiu.