A dor pela morte de um filho de 31 anos meses atrás foi amenizada para uma mãe por causa da decisão de doar seus órgãos. O encontro entre ela e o receptor do coração foi marcado por muita emoção e uma oportunidade de agradecer a Deus pela oportunidade de salvar uma vida.
Edson Costa Micaella tinha 31 anos em fevereiro, quando faleceu em decorrência de um aneurisma. Na ocasião, sua mãe, dona Nair Costa Micaella, 65 anos, decidiu que iria doar os órgãos do filho, e assim, córneas, rins, fígado e coração foram transplantados em pessoas que fazem parte da fila nacional de órgãos.
Na última semana, um encontro entre Nair e os receptores dos órgãos foi organizado no Hospital da Polícia Militar, em Vitória (ES). “Foi de Deus mesmo, porque a gente jamais quer perder um filho. Então na hora que falaram que não tinha mais jeito com ele, que só estava nos aparelhos e era para eu decidir, Deus me tocou. Eu decidi então doar. Muitas mães e filhos ficaram felizes. Não importam minhas lágrimas”, disse a mãe.
Em entrevista ao portal G1, dona Nair admitiu que ficou emocionada ao conhecer o aposentado Sérgio Gomes, de 64 anos, que recebeu o coração de Edson. O receptor se disfarçou de médico, e quando foi apresentado a ela, disse: “Dona Nair, esse coração é do seu filho”, disse.
A aposentada, que já estava emocionada por encontrar os receptores dos outros órgãos, não segurou as lágrimas: “Oh Senhor, meu Deus, meu Pai. Deus amado, obrigada Senhor”, declarou Nair.
Sérgio afirmou que agora considera dona Nair como uma segunda mãe: “Eu sonhei com esse momento, porque se não fosse pelo gesto de amor que Deus colocou nessa pessoa, eu não estaria aqui. No momento de dor, ela não sabia quem poderia salvar, mas ela salvou a mim. Se estou aqui conversando com vocês, agradeço a ela”, afirmou o transplantado.
Raquel Matiello, coordenadora da Central de Transplantes, afirmou que a iniciativa de promover o encontro é uma forma de incentivar que mais pessoas doem órgãos: “Promover o encontro é colocar em evidência o conforto que a doação dá para as famílias doadoras, sabendo que pode ajudar e levar esperança para outras”, explicou.