Marcelo Crivella (PRB) ganhou um aliado em sua luta contra a tentativa de impeachment que os opositores a seu mandato vêm costurando na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O pastor Silas Malafaia, apesar de considerar um erro a fala do prefeito na reunião com pastores, afirmou que o caso não justifica a cassação do mandato.
“Para que chamar exclusivamente um grupo de pastores evangélicos? Faltou um pouquinho de inteligência. Faltou fazer política. Mas ele roubou? Comprou com corrupção? Não é um erro dessa magnitude”, disse Malafaia sobre a situação, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
Na reunião, o prefeito afirmou que os pastores poderiam atuar na divulgação de uma campanha de cirurgias de cataratas que a prefeitura está promovendo, além de dialogar sobre questões da organização da cidade, como mudanças de pontos de ônibus para próximo dos templos, ou questões como a cobrança de IPTU (que a Constituição Federal isenta, mas em alguns casos acaba sendo cobrado indevidamente).
“O grupo de trabalho dele precisa melhorar muito ainda”, disse Malafaia, estendendo suas críticas à forma como a cidade vem sendo administrada.
Crise
“O prefeito Marcelo Crivella criou uma crise institucional. Não se pode usar a máquina pública para beneficiar um grupo privado”, disse a vereadora Teresa Berger (PSDB), fazendo coro ao colega de Câmara, Átila Nunes (MDB), que protocolou um pedido de impeachment de Crivella.
“Como é possível um prefeito prometer para os integrantes da sua igreja passar à frente na fila de cirurgias? Isso é a corrupção do sistema de saúde do Rio em favor de um grupo religioso”, afirmou o vereador Paulo Pinheiro (PSOL), outro opositor.
A Câmara interrompeu o recesso para discutir o pedido de impeachment de Crivella. Em sessão extraordinária na última quinta-feira, 12 de julho, os vereadores rejeitaram levar adiante os pedidos de cassação do mandato do prefeito, segundo informações do G1.
Para Crivella, tudo não passou de factoides criados por seus adversários: “Existe, sim, por parte da Globo [uma campanha contra ele], que infiltrou um jornalista e que inventou que era uma reunião secreta. Não era uma reunião secreta, com 170 pessoas e anunciada no WhatsApp, não tem nada de secreto nisso”, disse o prefeito, em entrevista ao SBT.
“Mas existe, sim, uma, vamos dizer assim, controvérsia. Todo mundo sabe, eu digo e declaro isso, aqui, que a Globo é inimiga jurada dos evangélicos. A Globo é contra a família, a Globo é a favor do aborto, ela tem toda uma agenda que contraria os princípios cristãos, católicos e evangélicos”, acrescentou o prefeito.