O presidente Jair Bolsonaro comete excessos em algumas de suas declarações, na avaliação do pastor Silas Malafaia, um de seus maiores aliados fora da política institucional, que vê ainda uma espécie de “torcida” pelo vírus entre seus opositores.
Em entrevista recente, o líder da ADVEC afirmou que tem atuado para incentivar os membros da denominação a respeitarem as medidas preventivas contra a pandemia de Covid-19, e que o segmento da sociedade que não é simpático aos evangélicos acredita que a Igreja é formada por pessoas alienadas.
“Geralmente, a turma da esquerda pensa que a religião é de analfabetos, imbecis, idiotas, que nada tem a ver com ciência. É interessante que muitos acham que só trabalhamos com o transcendental e que não tem nada a ver com a vida humana”, pontuou o pastor em entrevista ao portal Terra.
Malafaia negou que tenha tratado a pandemia como “histeria” quando defendeu que a suspensão dos cultos não resultasse em fechamento total dos templos: “Tratei que é uma ‘escolha de Sofia’. O que é menos danoso? A pandemia ou o caos social? A quarentena de araque, hipócrita, que não protege pobre? O RJ tem 3 milhões de pessoas em áreas proletárias. O que fechou lá? Nada. Tem 2 milhões de pessoas em transporte coletivo. Só depois de 60 dias da pandemia é que exigiram máscara no ônibus. Em São Paulo, 4,5 milhões de pessoas no transporte público. Não tem distanciamento em ônibus, em metrô, trem ou em porcaria nenhuma. Aí querem pegar igreja evangélica como bode expiatório”, disparou.
O líder evangélico defendeu o presidente Jair Bolsonaro das críticas sobre as políticas públicas na condução da resposta governamental à pandemia, lembrando que o Supremo Tribunal Federal deu autonomia a estados e municípios para agirem conforme suas demandas: “Quem tirou o poder do presidente decidir foi o STF, e passou para governadores e prefeitos. […] Quebraram o princípio da hierarquia institucional. Bolsonaro baixou norma e governador e prefeito não quiseram nem saber. Por quê? Porque o STF tirou do Poder Executivo central, da Presidência, o poder de decidir sobre pandemia”.
Entretanto, o pastor criticou algumas declarações do presidente: “Eu falei pra ele, até acho que certas falas do Bolsonaro… não concordo com elas. Sou aliado e não alienado, não concordo. Acho que certas coisas que ele falou não devia ter falado. Acho que não precisava se expor”, avaliou Malafaia.
“Acho que, como presidente, em algumas dessas vezes, poderia trazer palavra de ânimo, de otimismo, sem levar para o viés de ‘não tem nada’. Estou sendo honesto com você. Acho que o presidente, certas falas podia poupar, na minha opinião. […] Vou dizer que em tudo o que presidente falou ele acertou? Claro que não, não sou estúpido. Mas o que parece para nós é uma torcida: ‘tomara que cloroquina mate, porque se matar ele tá ferrado’. É a impressão que a gente tem”, ponderou o pastor.