“Vaidade, soberba e ganância de poder” são constatações do pastor Silas Malafaia em relação ao ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, a partir da divulgação do conteúdo de seu depoimento em inquérito que investiga suas acusações contra o presidente Jair Bolsonaro.
Em vídeo, Malafaia recapitulou o discurso demissionário de Moro no dia 24 de abril, para pontuar os trechos que foram usados na repercussão política e midiática que causou enorme crise no governo.
“A base da denúncia de Moro é que o presidente quer interferir, de maneira ilegal, na Polícia Federal. Bem, entenda que desde agosto o presidente pede a cabeça do diretor da Polícia Federal. Agora, vamos analisar uma fala de Moro de janeiro […] para você começar a entender, tem que ir lá atrás”, pontuou o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC).
O trecho do discurso do ex-ministro selecionado pelo pastor dizia: “Nunca houve qualquer interferência indevida do presidente, nunca houve qualquer afirmação ‘não faça isso, não faz aquilo’. Sempre se trabalhou para que os fatos fosse, da melhor maneira, elucidados”, disse na entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura.
“Se Bolsonaro queria interferir de maneira ilegal na Polícia Federal e desde agosto ele pede a cabeça do diretor, o Moro tinha que cair fora, tinha que ir embora, lá atrás. E outra: não poderia falar o que falou, dizendo que o presidente nunca quis se meter em nada de ilegal com respeito à Polícia Federal”, comentou Malafaia.
A avaliação do pastor destacou que Moro, durante seu pronunciamento demissionário, apontou que estava saindo do cargo por dois motivos: “O grande problema de realizar essa troca [na Polícia Federal], primeiro, haveria uma violação a uma promessa que me foi feita, inicialmente, que eu teria carta-branca […] [o presidente queria alguém] que ele pudesse ligar, colher informações, colher relatórios de inteligência”.
Para Malafaia, essa frase de Sérgio Moro “acaba de inocentar Bolsonaro”, pois as alegações do ex-ministro não computam crime ao presidente: “O primeiro motivo, dele não ter cumprido a palavra dele com você, não é crime. Muito pelo contrário: é atribuição do presidente nomear diretor da Polícia Federal e de outros órgãos. Artigo 84 da Constituição, o caput, o inciso XXV e o parágrafo, e a lei 9.266, artigo 2°, letra C. Moro, não é crime”.
“Agora, a chave é a sua segunda palavra, que Bolsonaro queria relatórios de inteligência. Qualquer estagiário de Direito sabe a diferença de relatório de inquérito para relatório de inteligência. O delegado federal Romeu Tuma disse [que] ‘é um absurdo o que esse cara está falando’. Um presidente tem que saber da ABIN, da Polícia Federal, de órgãos de informação das Forças Armadas, se tem algum complô armado, algum distúrbio violento, alguma desordem social. Pedir relatório de inteligência não é crime!”, disparou.
Em sua avaliação, o pastor diz que o ex-ministro foi seduzido por uma idealização de projeto pessoal: “A verdade, Moro, é que você, por causa da sua vaidade e soberba, e ganância de poder, caiu no próprio laço, que tentou armar contra o presidente. A imprensa brasileira fica com esse blá, blá, blá porque odeia Bolsonaro”.
Ao final, comentando a divulgação que o próprio Sérgio Moro fez de prints de tela de suas conversas com o presidente Jair Bolsonaro e com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), de quem o ex-ministro é padrinho de casamento, Malafaia questionou o motivo da escolha da emissora da família Marinho para atacar o governo: “Porque só a Globo? Eu tenho direito de pensar: quem é que vazava, exclusivamente para a Rede Globo, os inquéritos sigilosos da Lava-Jato?”, questionou.