O processo de cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) terminou na noite da última segunda-feira, 12 de setembro, após mais de 300 dias de tramitação na Câmara dos Deputados. 450 parlamentares votaram a favor de seu afastamento definitivo, enquanto apenas 10 foram contra, dentre eles, o pastor Marco Feliciano (PSC-SP).
Feliciano – que tem estado no centro das atenções por causa das acusações de agressão e estupro feitas pela estudante Patrícia Lélis – usou seu perfil no Twitter para justificar seu voto a favor de Cunha.
Segundo o pastor, votou contra a cassação porque foi Cunha que permitiu a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), além de viabilizar o início da discussão da redução da maioridade penal e o impedimento da ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação (PNE).
“Sempre defendi meus posicionamentos com coragem. Não mudarei isso agora. Votei pelo impeachment de Dilma e só pude fazer isso graças a Cunha. De igual forma: a ideologia de gênero foi arrancada do PNE; diminuição da maioridade penal votada; a agenda abortista foi barrada; etc. O processo de sua cassação é política, por vingança dos partidos que não aceitaram o impeachment. Se ele é ou não corrupto, quem dirá é o STF”, afirmou o pastor.
5) Respeito opinião alheia mas tbem respeito minha consciência.Repito o q disse se ele cometeu crime q seja julgado e condenado pela justiça
— Marco Feliciano (@marcofeliciano) 13 de setembro de 2016
Ciente das críticas que receberá de agora em diante por ter votado contra a cassação de Cunha, Feliciano pontuou: “Não sou e nunca serei pautado pela esquerda que queriam Cunha como troféu, por ter aberto o processo de impeachment que levou à queda de Dilma. Respeito opinião alheia, mas também respeito minha consciência. Repito o que disse: se ele cometeu crime que seja julgado e condenado pela justiça. Votei contra a cassação, não serei eu o responsável por retirar seus direitos políticos, direitos que não foram retirados nem de Dilma”, disse. “Dilma foi afastada mas pode se candidatar nas próximas eleições, Eduardo Cunha, responsável pelo impeachment não pode”, reiterou.
Além de Feliciano, a única deputada integrante da bancada evangélica que votou contra a cassação de Cunha foi Júlia Marinho (PSC-PA), que em 2015 tentou aprovar um projeto de lei que proibia a adoção de crianças por casais gays.