Uma das narrativas progressistas mais comuns pró-aborto diz respeito à relação dessa prática com a saúde. Dizem que, por falta de cuidados legais, inúmeras mulheres morrem em decorrência de complicações do aborto clandestino, por isso pedem a sua descriminalização em todas as circunstâncias.
Esse tema veio à tona em uma das audiências realizadas pelo Congresso Americano, recentemente, na tentativa de se promover a ideia de que o direito de poder decidir pela morte de inocentes no útero materno seria necessária por questões de saúde.
Essa discussão é de grande interesse por parte dos democratas americanos (“esquerda”), visto que após a histórica revogação da Lei Roe v. Wade pela Suprema Corte dos Estados Unidos, inúmeros projetos legislativos visando a proibição nacional do aborto chegaram ao Congresso (Capitólio).
Assim, a intenção dos democratas é tentar barrar o avanço desses projetos, daí a realização de audiências na tentativa de convencer os republicanos (“direita”) quanto À visão pró-aborto como algo atrelado à saúde.
Uma das pessoas convidadas para falar na audiência foi Kelsey Leigh, de Pittsburgh. Ela argumentou que durante a sua gravidez, seu bebê foi diagnosticado com uma doença, e que se houvesse uma lei proibindo o aborto antes das 20 semanas de gestação, poderia ter passado por um sofrimento desnecessário, visto que ele nasceria morto.
“Se minha gravidez continuasse, ele provavelmente não teria a capacidade de engolir, ele poderia não conseguir respirar e seus ossos teriam quebrado no parto, não importa o método”, disse ela, endossando a narrativa pró-aborto como uma questão de saúde.
Não é tratamento
Por outro lado, a médica ginecologista e obstetra Monique Chireau Wubbenhorst, explicou que normalmente é feita uma confusão por parte dos que defendem o aborto como questão de saúde.
Isso, porque, casos como o de Kelsey Leigh são exceções, visto que a sua gestação apresentou um risco de vida para a mãe. Nesse tipo de situação, portanto, o aborto não seria uma mera escolha, mas algo com o objetivo de preservação da sua saúde.
Esse tipo de aborto, não por acaso também é autorizado no Brasil, além dos casos de estupro e anencefalia. Para Wubbenhorst, essa circunstância difere completamente do argumento pró-aborto como uma espécie de tratamento.
Isto é, como se a gestação por si mesma, natural e sem complicações, fosse algo que a mulher devesse ter o direito de encarar como um problema de saúde, a fim de optar pelo aborto como forma de eliminá-la.
“O aborto não só apresenta riscos para a mãe, mas é sempre letal para o feto”, explicou Wubbenhorst. “Na minha opinião, o aborto não é saúde”, ressaltou a médica, segundo informações da CBN News.
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