Uma das referências mais notáveis no campo teológico evangélico brasileiro, em particular na área de missões, é a missionária Braulia Ribeiro, co-fundadora do Centro de Treinamento e envio missionário da JOCUM (Jovens Com Uma Missão), com trabalhos de destaque na área de Linguística e Antropologia Cultural reconhecidos dentro e fora do Brasil.
Experiente em missões, Braulia conhece como poucos a forma de lidar com povos indígenas. Em uma publicação em sua rede social, a autora do livro “Chamado Radical” comentou o caso do missionário John Allen Chau, morto na Índia a flechadas por uma tribo indígena que ele tentou evangelizar.
“Muitos artigos foram escritos elogiando a sua entrega, mas também, infelizmente, condenando o pobre rapaz, afirmando que ele mereceu a morte cruel que sofreu. Eu fiz exatamente a mesma coisa que ele quando tinha 21 anos”, escreveu Braulia.
Na ocasião, porém, o ato de ousadia da missionária teve um final feliz. Ela precisou se adequar a alguns costumes tribais para conseguir estabelecer uma relação de confiança com eles.
“Entrei ilegalmente em uma reserva indígena proibida para fazer amizade com um grupo de índios isolados. Tive a sorte de ser aceita por eles. Dancei nua junto com eles a noite toda para celebrar minha visita e de meus dois colegas, estabelecendo uma relação de amor e respeito mútuo que durou 22 anos”, lembra.
“Seres humanos em todas as culturas devem poder se comunicar uns com os outros, compartilhar costumes, compartilhar suas experiências religiosas. Eu não acho que nenhum governo tem o direito de tornar ilegal o relacionamento / comunicação entre grupos humanos”, acrescenta.
Erros podem acontecer
Braulia Ribeiro explica que muito do conhecimento que temos acesso hoje é fruto de missões, e que para conquistá-lo, muitos missionários precisaram arriscar suas vidas. Alguns erros, nesse caso, são consequências do próprio aprendizado e do fator desconhecido que muitos desses evangelistas enfrentam.
“Enquanto escrevo isto hoje, muitos anos depois, estou num ambiente rodeado de livros e documentos da história de missões na Universidade de Yale. As páginas à minha frente contêm muitas lágrimas e sangue. Elas também contém, infelizmente, muitos erros cometidos em nomes de missões. É muito ingênuo esperar que qualquer iniciativa humana em qualquer área seja isenta de erros”, pontua Braulia.
Finalmente, a missionária ressalta que só Deus pode julgar o coração de John Allen Chau: “Como abordar a triste história de John Chau? Eu prefiro não julgá-lo, e sugiro que você faça o mesmo. Se ele agiu pela pureza de seu coração e seu amor por Deus e sua Palavra, ele está com Jesus agora”.
“Essa é a fé que professo. Ele sabia o risco que corria. Eu sabia, e estava disposta a dar minha vida por eles. Tudo o que podemos fazer é orar por sua família e orar pela tribo que permanece isolada”, finaliza.
Apoio
Segundo informações da CBN News, a organização missionária All Nations garantiu que John Chau seguiu os procedimentos corretos para entrar em contato com a tribo Sentinelas do Norte, na Índia.
“John Chau fez o melhor que pôde, assim como todos nós”, disse a Dra. Mary Ho, líder executiva internacional da All Nations. Ela também explicou que o missionário ficou em quarentena, foi imunizado e se preparou para lidar com os indígenas. Até o momento o corpo do missionário não foi resgatado.