O ministro da Ciência e Tecnologia do governo Bolsonaro, Marcos Pontes, concedeu uma entrevista rebatendo a possibilidade de que as escolas passem a ensinar o criacionismo como matéria regular na grade curricular.
O assunto nunca foi proposto como política pública, mas veio à tona na imprensa após a nomeação de Damares Alves para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Declarações dadas anos atrás, num contexto voltado ao público evangélico e sobre o papel da Igreja na sociedade, foram distorcidos e alardeados pela grande mídia.
Desde então, Pontes tem sido questionado sobre esse assunto. Em janeiro, o ministro já havia sido questionado sobre o tema numa entrevista à rádio CBN, e declarou que não se deve misturar ciência e religião, sem entrar no mérito do contexto das declarações de Damares Alves.
Agora, numa entrevista ao podcast do Estadão Notícias, Marcos Pontes reiterou sua visão: “Não passa pela minha cabeça a questão ideológica. A gente precisa tratar a ciência da forma que ela é, independente dessas coisas. A nossa ideia é produzir uma ciência de qualidade para o país, melhorar o conhecimento, aumentar as riquezas do país e a qualidade de vida das pessoas através da tecnologia”, afirmou.
Diante da insistência do jornalista Haisem Abaki sobre a suposta proposta de adoção do criacionismo como matéria de grade curricular, o ministro mais uma vez afirmou que não há margem para esse tipo de abordagem: “Olha, eu vejo sempre pelo lado da ciência [que] é construída aos poucos, através do trabalho árduo de diversos cientistas, pesquisadores, estudiosos, no mundo todo, ao longo de décadas, até de séculos. O que você tem que ensinar é a ciência, e a crença das pessoas é outra história”.
“As pessoas podem acreditar no que quiserem, mas a ciência está aí para ser ensinada, é isso que eu penso. Acho que nossos cientistas pensam da mesma forma. São coisas que não se misturam. Já falei isso outras vezes, mas a religião… Eu acredito em Deus, mas eu não misturo isso com a ciência”, concluiu.