O novo ministro da Justiça e Segurança Pública, André Luiz Mendonça, fez um discurso amplo e emocionado em sua posse para o cargo, comprometendo-se com o presidente Jair Bolsonaro na missão de combater a criminalidade e corrupção. Ao final, exaltou a figura de sua esposa como uma intercessora a Deus.
No dia anterior à sua posse, André Luiz Mendonça viu a bancada evangélica exaltar sua nomeação como um homem compromissado com a família, por sua formação como teólogo cristão e seu ministério como pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil. Em seu discurso, o ministro da Justiça evidenciou esse compromisso ao agradecer sua esposa e aconselhar seus filhos publicamente para seguirem um caminho de retidão em suas vidas.
Mendonça citou o “momento difícil” que o país atravessa, com a “crise de saúde”, mas demonstrou compreender a percepção de Bolsonaro sobre o quadro completo, dizendo que a crise é ampla e “envolve, não somente a saúde, mas todos os aspectos da vida humana, o emprego, a subsistência, a dignidade, o direito de ir e vir, os sonhos, os projetos, muitos deles nesse momento em xeque”.
“Cabe a nós, sermos líderes e, de modo muito especial, líderes servos, capazes de pôr o povo em primeiro lugar e nós, sermos os últimos, e quando chegarmos em nossas casas olharmos nos olhos dos nossos filhos e das nossas esposas, e diante de Deus que nos fez, [saber que] não fizemos nada mais que a obrigação”, declarou.
A menção à oração e gratidão a Deus foi feita com a voz embargada: “Meus filhos e minha esposa, quero continuar tendo a dignidade de chegar em casa, olhar nos olhos com a consciência tranquila de que, ainda que tenha sido insuficiente, dei o meu melhor para servir esse país”, afirmou o ministro da Justiça.
“Obrigado, minha esposa, por cada joelho dobrado, por cada oração, por cada carinho, por cada momento de vida. Meus filhos, se espelhem nos melhores, sejam diferenciados, para também servirem a esse país. A Deus, o meu Senhor e Criador, que Ele não me deixe falhar na missão, no dia-a-dia da minha caminhada”, acrescentou André Luiz Mendonça.
Compromissos
O novo titular da pasta pontuou que uma trajetória de sucesso no serviço público é feita de aperfeiçoamento constante no compromisso de servir à pátria: “Que amanhã eu corrija os meus erros de hoje e sirva com mais dignidade, inteireza e integridade”, observou.
“Queria assumir alguns compromissos hoje com a nação brasileira a partir da outorga e da confiança que me foi dada pelo presidente da República: em primeiro lugar, compromisso com o estado de Direito e seus valores. A Constituição brasileira, no seu preâmbulo, institui como valores supremos a liberdade, a fraternidade, a igualdade, o bem-estar, o desenvolvimento, a segurança e, acima de tudo, a justiça. Daí a importância, Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Esse compromisso, dentro dessa expectativa de valores, vem reforçado pela ética, por integridade, por efetivamente ministrar a Justiça, e ser agente de segurança da nação brasileira na prática, com uma atuação técnica, imparcial e sempre disposta a prestar contas, não só ao chefe da nação, mas a todo o povo”, afirmou.
A referência à prestação de contas pode ser interpretada como uma menção sutil aos motivos declarados por Sérgio Moro, ex-juiz que se demitiu do Ministério da Justiça, que se recusava a contribuir com informações de inteligência para o aperfeiçoamento das políticas de segurança pública e combate à corrupção.
Mendonça também se comprometeu com o “combate irrestrito à criminalidade” e frisou que “há mais de uma década” tem se dedicado “na teoria e na prática” para o combate à corrupção, e demonstrou satisfação por ter tido a oportunidade de somar à equipe do governo que foi eleito com esses mesmos valores sendo base das propostas na campanha eleitoral.
“Hoje esse espectro se amplia. Presidente, vossa excelência tem sido há trinta anos um profeta no combate à criminalidade, e hoje, esse ministro da Justiça assume o compromisso de lutar pelos ideais que o senhor tem combatido. Lutarei com todos os meus esforços no combate ao crime organizado, o que envolve não apenas a corrupção, mas o tráfico de drogas, de armas, os crimes contra a vida, contra o patrimônio, os crimes de abuso sexual e os crimes cometidos contra a criança, o adolescente e a mulher”, afirmou.
Aplaudido de pé pela ministra Damares Alves, titular da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos, Mendonça se dirigiu a ela para garantir que fará parcerias: “Vamos fazer operações conjuntas”, disse, acrescentando: “Cobre de nós mais operações na Polícia Federal, presidente da República”.
O ministro também se comprometeu a trabalhar pela existência de “uma atuação integrada com estados e municípios”: “Temos um sistema único de segurança pública, e nesse sentido é preciso compreender que a criminalidade, hoje, se constitui em rede, não é mais um sistema hierarquizado onde havia um chefe e uma cadeia de comando. […] Não se faz o combate a uma criminalidade em rede se o governo e o estado, envolvendo não apenas a União, estados e também municípios e até mesmo outros países, [não] se organizam em rede, e isso envolve estratégia, gestão do conhecimento e gestão da informação, investimento em inteligência, recursos humanos, capacitação, patrimônio, equipamentos. Vamos lutar para que essa rede seja efetiva”, garantiu.
“Nenhum de nós é mais importante que o outro, mas o grande ator desse país é o povo, que se acostumou com o estado de insegurança e não sabe o que é viver. Gerações brasileiras não sabem o que é viver um estado de segurança pública. Nós precisamos instaurar nesse país um verdadeiro estado de Direito materialmente concebido com segurança pública efetiva, e isso passa pela valorização dos nossos policiais, a integração das forças de segurança e por um comando único, e uma história de vida relativa à segurança pública, senhor presidente, e o povo brasileiro o elegeu para isso, e eu serei um fiel missionário dessa mensagem”, pontuou o ministro, mais uma vez exaltando o compromisso de toda a carreira política de Bolsonaro.
Sobre policiais, o novo ministro rendeu homenagens: “A esses verdadeiros heróis, vamos buscar dar toda retaguarda jurídica e valorização. Os senhores estão assistindo heróis na área médica, dia a dia, filhos e esposas, maridos, veem seus cônjuges ou pais saírem para dar segurança pública na incerteza se eles voltam com vida. Isso não é digno. Essas pessoas têm que ser valorizadas, temos que reconhecer o valor dos agentes de segurança”.
Ao final, colocou-se como alguém que comporá uma equipe em prol do país: “Senhores ministros, contem comigo. Eu preciso dos senhores. Membros do parlamento, os senhores são os legisladores desse país. A força da lei parte dos senhores. Senhores comandantes das forças, o Ministério da Justiça está à disposição dos senhores. Senhor ministro da Defesa, o admiro e trabalharemos juntos”, concluiu o ministro André Luiz Mendonça.