O juiz Marcelo Bretas, responsável pelas ações da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, é evangélico, e frequentemente é criticado por expressar suas convicções de fé publicamente. O ataque mais recente partiu de dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF): Gilmar Mendes e José Dias Toffoli.
Marcelo Bretas é frequentador da Comunidade Evangélica Internacional da Zona Sul (CEIZS) e chegou a ser especulado como possível substituto do falecido ministro do STF, Teori Zavascki. Recentemente, afirmou no Twitter que se juntaria ao procurador Deltan Dallagnol em jejum e oração contra o habeas corpus de Lula (PT).
Agora, o juiz entrou na mira de dois dos ministros do STF que votaram a favor de Lula no julgamento do habeas corpus, na semana passada. Embora a maioria tenha decidido que réus condenados em segunda instância devem iniciar o cumprimento da pena, o placar foi apertado.
Gilmar Mendes subiu o tom contra o juiz Marcelo Bretas durante um julgamento de outro habeas corpus, referente à transferência de presídio do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), num discurso com críticas veladas também aos colegas de STF Luiz Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, que mandaram prender idosos condenados com mais de 70 anos.
“Gente que a toda hora está dando lição de moral por aí… Esse processo foi estelionato pela via judicial”, disparou Mendes contra Bretas, fazendo referência a uma ação movida pelo juiz carioca para receber o auxílio-moradia de R$ 4.300,00. “Fato grave de quem preconiza tanta correção, que está tão preocupado com exposição da sua casa. Ele que é feliz proprietário de imóvel, talvez dos mais ricos do Rio”, acrescentou.
Dias Toffoli, que antes de ser indicado para o STF em 2009 por Lula foi reprovado em concursos para a magistratura e atuou como advogado do PT e da Advocacia-Geral da União (AGU), ampliou os ataques a Bretas.
“Esse que pousou com metralhadora? É juiz ou justiceiro?”, disse Toffoli, comentando as declarações de Gilmar Mendes, segundo informações do portal JOTA.
Em sua crítica a Bretas, Toffoli ainda se valeu de uma metodologia de avaliação aprendida com sua falecida mãe, que costumava voltar das missas que frequentava fazendo críticas aos padres que se queixavam do tamanho da saias das paroquianas. “Minha mãe dizia: ‘esse deve ser o mais tarado’. Quando falava de criança, dizia que ‘esse deve ser pedófilo’. O moralismo esconde coisas cruéis”, disparou o ministro, especulando sobre a conduta do juiz carioca.