A Venezuela é um país de ampla maioria católica, semelhante ao Brasil de 40 anos atrás, e um casal de missionários brasileiros foi viver no país exatamente há quatro décadas, dedicando-se à divulgação da tradição protestante.
José Calixto e Suely Patrício são ligados à Junta de Missões Mundiais (JMM), entidade ligada à Convenção Batista Brasileira (CBB), e foram para a Venezuela em 1977, permanecendo no país até 1994, quando seguiram para outro campo missionário.
Durante o tempo em que serviram na Venezuela, Calixto e sua esposa iniciaram uma igreja. Chegaram ao país com 26 e 24 anos, respectivamente, e seus dois filhos, Danielle e Samuel, nasceram lá.
Quando foram designados para ir ao país pregar o Evangelho, pediram capacitação para ajudarem na expansão do Reino de Deus: “Senhor, usa-nos neste país para ganharmos milhares de venezuelanos e para abençoar não somente a obra batista, mas todas as denominações da Venezuela”, orou o casal.
A missão começou com a abertura de um pequeno espaço de reuniões, em uma garagem. O trabalho evangelístico começou a dar frutos, e quando os primeiros batismos estavam para serem realizados, uma senhora já à beira dos 40 anos, chamada María de Mejías, apresentou-se pedindo para ser inclusa entre os fiéis que seriam batizados.
“Eu perguntei se ela não gostaria de esperar o próximo batismo, pois tinha apenas um mês que congregava conosco. Ela respondeu: ‘Pastor, o senhor pode me batizar com toda a confiança. Vou ser uma crente fiel e exemplar’”, relembrou Calixto, segundo informações da JMM.
Planejamento
Há 33 anos, Calixto estava no aguardo de um pastor brasileiro que havia pedido ajuda para visitar uma igreja no país, e ao ir ao aeroporto, viu um grupo de jovens missionários mórmons da Bolívia chegando para divulgar sua tradição religiosa.
“Naquele momento, o Espírito Santo plantou em meu coração uma inquietação: o que aconteceria na obra venezuelana se os batistas tivessem um plano parecido? Depois de orar e pedir direção ao Senhor, escrevi um projeto que foi apresentado para o Departamento de Missões da Convenção Nacional Batista da Venezuela”, narrou.
Segundo ele, “o projeto, chamado de ‘Missionário Temporário’, consistia no recrutamento e capacitação de jovens venezuelanos que quisessem doar um ou dois anos de sua vida trabalhando na plantação de novas igrejas”.
Através desse projeto, os batistas venezuelanos se organizaram e conseguiram enviar ao campo mais de vinte mil jovens, como missionários temporários, ao longo das últimas três décadas.
“O impacto no crescimento da obra venezuelana foi tremendo. Em 1977, os batistas venezuelanos tinham 60 igrejas no país, e hoje são mais de 680 igrejas e missões espalhadas por todo o território”, celebrou Calixto.
Tradição
A igreja iniciada em Puerto La Cruz tornou-se “um modelo de igreja missionária que influenciou não somente a Convenção Nacional Batista Venezuelana, mas outras igrejas e denominações, sensibilizando a visão missionária do povo de Deus na Venezuela no tocante ao envio de obreiros até os confins da terra”, destacou o missionário.
“São humildes, sábios, amigos em todas as horas e excelentes conselheiros. Convivendo com eles ao longo desses 40 anos como amigos e colegas na mesma missão, podemos afirmar categoricamente que eles ainda têm muito a contribuir com o Reino de Deus. Thereza (esposa) e eu desejamos a eles ricas bênçãos do Pai e que eles continuem sendo esse casal abençoado como tem sido até aqui”, comentou o missionário Lauro, amigo de Calixto e Suely.
A volta
Calixto e Suely deixaram a Venezuela em 1994, para servir em outros países sul-americanos, mas retornaram 20 anos depois para a celebração dos 30 anos de fundação da Igreja Evangélica Batista Jesus Cristo é o Caminho, que eles ajudaram a plantar em Puerto La Cruz.
Como estavam no país, aproveitaram para visitar María de Mejías e saber como ela estava: “A filha advertiu que, talvez pela idade avançada, ela já não se lembraria de nós. Mas ao chegar à porta da cozinha, onde ela se encontrava em uma cadeira de rodas, eu lhe falei: ‘Irmã María de Mejías, será que você lembra de mim?’. Ela imediatamente respondeu: ‘Você é o meu pastor querido, por quem tanto oro ao Senhor todos os dias!’. Depois de quase 40 anos, ela ainda se lembrava do seu pastor”, contou.