A compra da TV Record pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) já foi alvo de investigações do Ministério Público e de acusações de ex-integrantes da denominação, além de render várias versões sobre a transação.
Em duas dessas versões, os antigos sócios Silvio Santos e Paulo Machado de Carvalho contam, cada um, detalhes específicos sobre a venda da emissora, que teria girado em torno de US$ 45 milhões.
Agora, em seu segundo livro biográfico, Nada a Perder 2, o bispo Edir Macedo revela a sua versão da história.
No livro, Macedo diz que a Record tinha sérios problemas financeiros, e essa informação tinha sido obtida através de um funcionário de alto escalão na emissora.
“A empresa faturava US$ 2,5 milhões por ano e acumulava US$ 20 milhões em contas a pagar. No fechamento do balanço do ano de 1989, a Record não sobreviveria […] Quem nos revelava esses dados era Demerval Gonçalves, homem de confiança do Grupo Silvio Santos na época e responsável pela venda, hoje executivo da Rede Record”, relata o bispo Macedo.
Um fato que é confirmado nas três versões é que Macedo não negociou diretamente a compra da Record, confirmando o fato de que a transação foi intermediada por pessoas de confiança do bispo.
Macedo justifica sua estratégia: “Eu sabia que, se aparecesse logo de imediato, a negociação seria superfaturada ou desfeita possivelmente por preconceito […] Por isso, seu Vieira comparecia em todas as reuniões com um maço de cigarro à mostra no bolso da camisa. Ninguém desconfiou que era eu quem estava por trás de uma compra tão importante”, explica o líder da IURD, fazendo referência a Laprovita Vieira, intermediador da compra e posteriormente, deputado federal.
Negócio fechado, foi definido que os compradores só poderiam fazer alterações na emissora após o pagamento da última parcela. Quando chegou a época da quitação, um dos negociadores de Macedo optou por pedir mais prazo para o pagamento, o que gerou um impasse, segundo informações do portal Boa Informação.
Numa reunião feita para acertar os detalhes, Macedo diz que foi “disfarçado de motorista” e se revelou aos representantes de Silvio Santos quando o clima começava a esquentar: “Já podemos parar com a discussão. Eu sou o bispo Macedo. Sou eu quem estou à frente da compra da Record. Vamos resolver de uma vez por todas esta situação”, disse o bispo, assinando o cheque de US$ 5 milhões referentes à última parcela do negócio.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+