O papa Francisco voltou a denunciar os aproveitadores da fé que tentam tirar vantagens em cima dos fiéis, cobrando pela Salvação.
A mensagem do pontífice católico possuía um contexto mais urgente, dado que a denominação romana está atualmente celebrando o Ano do Jubileu, mas também tinha um prisma mais amplo, denunciando práticas muito comuns em diversas partes do planeta.
“Sejam cuidadosos. Tomem cuidado com qualquer um que tente ser rápido e esperto, dizendo que vocês têm que pagar. Não! Não se paga pela salvação. Ela é gratuita”, alertou o papa, durante sermão para milhares de fiéis na Praça de São Pedro, na última quarta-feira, de acordo com informações do Charisma News.
A preocupação mais urgente do papa era com os relatos de fiéis que teriam sido obrigados a pagar valores a golpistas para terem o direito de atravessar as “portas sagradas” de catedrais católicas de todo o mundo, num ritual simbólico conhecido por motivar fiéis a buscarem perdão por seus pecados.
No contexto mais amplo, essa mensagem coincide com a recorrente postura do papa de alertar contra a chamada “teologia da prosperidade”, em que se prega uma mensagem distorcida do Evangelho, propondo barganhas com Deus por bens materiais.
Curiosamente, a atual postura do papa, enfático na gratuidade da Salvação, é diametralmente oposta ao conceito que existia na Igreja Católica há aproximadamente 500 anos, quando o pontífice era Leão X e existiam vendas de indulgências, o que motivou Lutero a propagar suas 95 teses e iniciar a Reforma Protestante.
O Ano do Jubileu
O Ano Santo, na tradição católica, foi iniciado em 1300 e era realizado a cada 100 anos. Após a segunda celebração (1400), o intervalo foi reduzido para 50 anos, e em 1475 aconteceu o primeiro Ano Santo com um intervalo de 25 anos em relação ao anterior.
Essa mudança foi feita para permitir que os fiéis, de cada geração, tenham a oportunidade de ao menos uma vez participar da celebração.
Há ainda a possibilidade da declaração de um Ano Santo extraordinário, que é o caso do atual. O último, regular, havia sido realizado no ano 2000, sob decreto do papa João Paulo II. Como Francisco pretende difundir o conceito de uma Igreja mais aberta a seus fiéis e mais prática, resolveu decretar um Ano Santo antes do próximo, que seria realizado em 2025, com a misericórdia, compaixão e perdão como temas principais.