Um padre que aceitou celebrar o casamento gay de dois amigos foi afastado pela Igreja Católica por ir contra as convicções da denominação.
O padre César Garcia, que era o responsável pela Paróquia São Leopoldo, em Goiânia (GO), foi afastado de suas atividades no último dia 10 de junho, por ordem do arcebispo dom Washington Cruz.
Segundo informações do G1, dom Washington comunicou o padre pessoalmente, e afirmou que até o fim das investigações que a Igreja Católica fará, ele deverá se manter afastado de suas atividades.
“A presença de uma pessoa, ainda que silenciosa, diz alguma coisa. E nesse sentido, a presença do padre César não é uma presença indiferente, ainda que não tivesse dito nada. E, certamente, dentro dessas circunstâncias, essa presença vai contra as convicções da Igreja Católica. Nesse caso, se houver possibilidade de confusão, é melhor que aquela bênção não fosse feita justamente para se evitar em quem recebe e em quem participa dela, uma confusão”, disse o padre Luiz Henrique Brandão, representante da Arquidiocese de Goiânia.
Garcia argumentou que foi ao casamento como um amigo, e concedeu as bênçãos a pedido da dupla: “Nós entendemos que todos somos filhos de Deus e merecemos uma benção. Não se nega benção a ninguém. Eles não pediram sacramento, não pediram nada disso, pediram uma oração”, defende-se o padre, que diz ter lido o Salmo 83 da Bíblia durante a cerimônia e feito um discurso sobre “a grandeza do amor e o respeito às pessoas”.
Um dos noivos, o arquiteto Leo Romano, disse estar surpreso com as consequências do convite feito ao padre: “Em momento nenhum se falou essa palavra casamento, não houve aliança, entrada de padrinho. Foi uma celebração de amor”, resumiu.
Oficialmente, a Igreja Católica disse que o afastamento do padre não foi uma punição, mas sim “um ato que quer remediar e favorecer a resolução da situação”, de acordo com o padre Brandão.